Poesia - Quando, por Sylvia Cesco

Sexta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora campo-grandense, Sylvia Cesco, com o poema intitulado "Quando".

Quando

Sylvia Cesco

Quando embriagar-se

um beija-flor de musgo

porque o amor-perfeito já

não existe mais.

Quando as asas abertas

de um pássaro cego

se guiarem ao som de um

bandoneon lilás:

-É hora de guardar

noturnas partituras

em silêncio absoluto

e sem alarde.

- É hora de se agasalhar

nas finituras

das incertezas que nos traz

o fim da tarde.

Quando sóis se derreterem

ao brilho de uma lua

que se esparrama sem licença

sobre as nossas cabeças,

Quando o azul-céu

de duas pupilas nuas

pedir aos jardins que refloresçam

Será o prenúncio

enfim da minha partida

Será o começo um tempo

sem avessos.