Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritora de São Paulo (SP), Paula Valéria Andrade, com seu Poema Barato.
Poema barato
Perdi a doçura
a paciência
perdi a decência
a incumbência
duvidei da ciência
delirei na demência
de buscar o que
não tem endereço
nem adereço
de convencer alguém
a sucumbir o tal do quem
desvendar o tal do além
correr pra ficar aquém
e nada disso dissolve
como um alka seizer
um remédio qualquer
de acabar com o tédio
acabar com o silêncio no prédio
e tanto faz ou não correr atrás
o delírio me invade por todos os poros
por eu acreditar em verdades
mas elas não existem não existem jamais
são versões sempre reatualizadas
caleidoscópios de espelhos recontados
das sombras projetadas e monstros
que sobem dos esgotos das calçadas
e fujo dessa gosma amalgamada
e das meias verdades lavadas
costuras enviesadas
cada um conta a sua verdade
sua versão da realidade
mas o que transborda da flor despetalada
é a vontade de botar o pé na estrada
e cantar uma canção inventada ao costurar
uma palavra ao sopro do vento.
E no olho do caos, buscar alento no que
desenha o encantamento.
Dilema de renascimento.
*
Comentários