Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a professora, poeta e escritora de Dourados (MS), Ilsyane Kmitta, com "Paraíso às avessas"
Paraíso às avessas
A vida arde em chamas
Cheiro de mato queimado
Cheiro de carne e agonia...
Natureza se esvaindo
Os rios secando... sumindo
Sem declives para correr
Bichos vagando a esmo
Em fuga, desespero... atropelo
Em busca de refúgio
No trinado e ziguezaguear do fogo
No noticiário de novo
Pantanal da alegoria
Humanos confabulam
Noticia nos jornais pululam
A natureza padece...adoece
A humanidade se compadece
Mas o capitalismo enaltece
Patas, raças e espécies
De expansão sem alcances
Terra sem bordas
Da mãe d’água, da comitiva e do peão
Do come-língua e pé de garrafa
Do Sinhozinho, do tuiuiú e do maozão
De limites das águas e dos homens
Da ciência, de saberes e lendas
Que não cabem em agendas
No compasso que não cabe laços
Navalhas ou fios de aço
Apenas águas em riachos
Corixos e baías
Em busca de uma estrela guia
Que o liberte dessa agonia
Triste, precisamos olhar mais para a natureza.