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Poesia - Paródia do Cabloco, por Isaac Ramos

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga mais um dia de estreia, com Isaac Ramos, poeta, crítico e professor universitário de Literaturas de Língua Portuguesa (UNEMAT) em Alto Araguaia (MT). Mestre e Doutor pela USP. Professor do PPGEL (Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários) da UNEMAT. Publicou capítulos de livros, artigos, resenhas, poemas em revistas de circulação nacional. Últimos livros publicados: crítica literária: A metáfora do olhar: Alberto Caeiro e Manoel de Barros (2018 – lançamento em abril de 2019); poemas: Teias e teares (2014). Membro da ALB (Academia de Letras do Brasil) Amazonas e da ABEPPA (Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan Amazônicos).

PARÓDIA DO CABOCLO

(Isaac Ramos)

Quando nasci, um boto torto Desses que engravidam cunhatãs, Disse: Vai, Isaac! ser caboclo na vida. As tabas enxergam os curumins Que correm atrás das iaras. A tarde talvez fosse argila, Não houvesse tantos desejos pré-moldados. O barco passa cheio de pernas: Pernas bugras índias mestiças. Para que tanta perna, pergunta meu coração. Que não é tikúna, mas tabatinguense do mundo. O caboclo atrás do chapéu Não tem cocar, é homem simples do Solimões. Joga a rede no rio sem conversa. Se pegar um fio de prosa, conversará com o boto. Este, que não dá bolo, singra em banzeiro manso. Meu Deus, por que me abandonaste Se sabias que eu não era índio Se sabias que eu era ingrato? Mundo amazônico vasto Amazonas, Se eu tivesse um nome de caboclo Seria um arrimo, não seria uma partição. Mundo amazônico vasto Amazonas, Mais casta é minha amplidão. Eu não queria te dizer Mas essa Tabatinga Mas essa batida intensa Botam a gente em pororoca de versos.

(A sair no volume 2 da Coleção (Con) sequências líricas, depois do ÁLIBI, este que está em fase de lançamento)

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