Poesia - Ode à chuva, por Tânia Souza
- Alex Fraga
- 1 de nov. de 2022
- 1 min de leitura
Terça-feira no Blog do Alex Fraga é dia de mais uma estreia poética. Tânia Souza, natural de Bela Vista/MS e vive atualmente em Campo Grande - Mato Grosso do Sul. É professora, poeta e escreve contos que passeiam pelo insólito, ficção cientifica e realismo fantástico, além de literatura para a infância. Tem vários livros publicados.

ode à chuva
no sustento frágil do silêncio
ossos em febre
alma em solidão
i n s p i r a r e s p i r a
a noite abafada acelerada enjaulada
um uivo que não vem
é meia-noite
um tamborilar desgraçado de bom
se esbalda no telhado
os olhos dela espiam
como caem molhados de luz distante
os cardumes de gotas
cede, o corpo
à sede
no primeiro encontro
rosto na chuva
nem sabe
são lágrimas gotas ou risos
os sulcos na face?
[tantos medos, tantos sustos]
lábios bebem chuvas cheiros melodramas
bebem
no segredo do quintal
medula se embriaga em melodia
sob a bênção das águas
em liquefeita sintonia
dança uma mulher
no-entre-os-dedos
pés penetram
o barro, a terra fértil:
- muito prazer
sou teu corpo em liberdade
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