Poesia - O valor da Paga, por Paula Valéria Andrade
- Alex Fraga
- 10 de dez. de 2022
- 1 min de leitura
Sábado no Blog do Alex Fraga no espaço de literatura é dia de poesia com a poeta e escritora de São Paulo (SP), Paula Valéria Andrade, com O Valor da Para.

O Valor da Paga
Por não acreditar em si,
Aceitava qualquer salário.
Não por ser otário,
Mas por humildade
Extrema modéstia,
Cinzenta autoestima.
Ou medo do risco,
Ou do imprevisto.
Acordava cedo,
Trabalhava duro,
Pouco faturava.
Assim sua vida
Andava,
Como um relógio.
Temia mudancas,
Tinha poucas esperanças.
Mas a vida,
É como o empregador,
Patrão de nosso destino,
Penhor de seu valor.
Somente oferece
Aquilo que você aceita,
Não desiste
Não rejeita
Pois se achas que não mereces,
Tanto faz!
Pois se achas que mereces,
Tanto faz!
Se queres centavos
Terás centavos!
Se queres e acreditas,
Terás o que meditas.
Mas sem esperanças
Coragem e perseverança,
Sujeito não soube
Como entrar na dança,
Para mudar seu destino.
Assentou e conformou.
Assim continuou
Sua vida pacata,
De trabalhador normal.
Dia-após-dia exatamente igual.
Batendo cartão de ponto
Não sonhando tanto,
Sem muita alegria
(Mas também nenhum pranto)
Definitivamente
Sem muitos desejos
(Muito menos os ardentes)
Ou qualquer encanto.
Sem acrobacias,
Saltos de trapézio
Ou andar na corda bamba,
Universos paralelos.
Acreditando,
Que o pássaro do encanto nunca chega,
Para quem vive no tédio.
E por não acreditar
Em si, sujeito terminou
Com pouco,
Sem fôlego,
(Nem muita história, a contar)
Consumido de remédios,
Sofrido, doido e enterrado entre os prédios.
Soube apenas conformar.
Do livro "A Pandemia da Invisibilidade do Ser" (2019)
© Paula Valeria Andrade - 2005
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