Poesia - O suicida, por Helena Pereira
- Alex Fraga

- 16 de mar. de 2024
- 1 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora de Amambai MS, Helena Pereira, com O suicida.
O suicida
A dor que trazia nas costas fatigava o corpo
Sentou-se no limiar da vida cabisbaixo
O passado descia como uma avalanche sobre o presente
Atrás, apenas a terra devastada
À frente, um abismo intransponível pelas forças que restaram
Olhava fixamente o nada disfarçado de futuro
A eterna obrigação de permanecer vivo
Era como uma bigorna no lugar do coração
As borboletas no estômago morreram de abandono
Trazia nos braços as marcas das lutas
Liberdade e autonomia nunca conquistadas
E o corpo tatuado de amor não era o desejado.
Sentindo o gosto doce do próprio sangue na boca
Inclinou lentamente o corpo para o precipício
Pairou leve na escuridão, que o abraçou de pronto
Nada o tinha acolhido tão prontamente quanto a morte
Ninguém tinha sido tão sincero
A morte é a única que não faz julgamentos ou distinções
Não exclui como a religião
Não exila como o amor
Não escraviza como a vida
Apenas aceita o filho que a casa torna
Deita-o na melhor cama
E como uma paciência de mãe, beija-lhe a face
E deixa-o dormir eternamente em seus macios edredons
*Escrita em junho de 2018.





Vem relatado, parabéns
Muito interessante!