Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor, poeta, músico e compositor de Dourados (MS), Paulo Portuga, com "O Fim"/
O FIM
As folhas exsudam
As últimas gotas de orvalho
De uma noite seca
De lua cor de laranja
Um cordão de fogo
Se alastra desmesuradamente
Soprado pelo vento quente
Ar seco, calor alarmante
Matas e campos queimados
Animais ilhados
Morrem torrados
Sobre o solo cinzento
Urubus sobrevoam
O céu incandescente
O fogo lambe as nascentes
Peixes agonizam
Em rios que secam
Em águas tépidas
O boto agoniza
Os rios voadores
Trazem fuligem e fumaça
A temperatura aumenta
A biodiversidade reduz
Não tem mais volta
O tempo acabou
Para os incrédulos
E não é só aqui
É no mundo todo
É a época do piroceno
Há pouco tempo
O fogo foi descoberto
Hoje é inimigo do homem
O fim começou para todos
E sempre será apocalíptico
O fim de espécies
O fim de biomas
O fim do planeta
O fim do amor.
Paulo Portuga, 16/09/2024.
Portuga é fera.
Luciana Alencar
Dourados MS