O poeta piauiense Elio Ferreira, que por muitos anos esteve morando em Campo Grande e que contribuiu com o surgimento da UBE-MS (União Brasileira dos Escritores de Mato Grosso do Sul), brinda com seu poema em homenagem ao seu falecido pai. Elio nasceu em Floriano (PI) e é professor de Literatura na UESPI, doutor em Letras e tem pós-doutorado em Estudos Literários. Já publicou mais de 30 obras.
O FERREIRO E O MARTELO
* * Ao meu pai Aluízio Ferreira, in memoriam
O meu pai é ferreiro, Ele acorda de manhã, Bem cedinho, Na hora dos passarinhos, O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro, Ele acorda a casa, Acorda a vizinhança, Acorda a minha rua, Acorda o bairro,
Acorda a cidade,
Ele acorda o mundo inteiro. O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro, Um menino puxa o fole: A oficina, a forja, o fogo, O ferro em brasa, a bigorna, A tenaz e a geometria do ferro, O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai faz enxada, foice e machado. O meu pai faz chocalho, espora, brida e cabeçote. O meu pai faz faca, facão, rifle e espingarda. O meu pai faz marca de ferrar e ferradura. O meu pai faz porca, parafuso, portas e portões. O meu pai faz o diabo-a-4 de ferro. O martelo TEM TEM TEM...
O meu pai é ferreiro, Ele conta histórias bonitas para mim.
Ele acorda de manhã Bem cedinho, Na hora dos passarinhos. O martelo TEM TEM TEM.
Teresina, 2014.
Muito bom