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Poesia - O breu ferindo o arrebol, por Tânia Souza

Terça-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora de Campo Grande MS, O breu ferindo o arrebol


O breu ferindo o arrebol Eu vejo nuvens Nuvens febris Pontilhados cinzas Incendiados rubis Eu vejo nuvens Nuvens de fumaça No azul que se de(s)ata E por todos os recantos Em cada face, um pranto Por caminho, desencanto Eu vejo nuvens Nuvens frias Traços em melancolia Olhares amargurados Solidão em nua rua Horizontes dilacerados Eu vejo o tempo Percorrendo os dias Dilacerando o verde Roubando a lua Vencendo o sol E nas sombras sob meus olhos Eu vejo o breu ferindo o arrebol E são longos os gemidos das águas Desertificando a terra deslocada E não mais vejo as nuvens Nuvens ensangüentadas Vejo o sangue dos olhos no espelho E nas minhas mãos E nas tuas mãos E nas mãos sedentas Que erguem-se Pedem e lamentam Perdida batalha Aos pés da triste Gaia Eu vejo resquícios Resquícios de searas culpadas

Tania Souza

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