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Poesia - O breu ferindo o arrebol, por Tânia Souza

Terça-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a professora, poeta e escritora de Campo Grande (MS). Tânia Souza, com O breu ferindo o arrebol.


O breu ferindo o arrebol


Eu vejo nuvens

Nuvens febris

Pontilhados cinzas

Incendiados rubis


Eu vejo nuvens

Nuvens de fumaça

No azul que se de(s)ata


E por todos os recantos

Em cada face, um pranto

Por caminho, desencanto


Eu vejo nuvens

Nuvens frias

Traços em melancolia


Olhares amargurados

Solidão em nua rua

Horizontes dilacerados


Eu vejo o tempo

Percorrendo os dias

Dilacerando o verde

Roubando a lua

Vencendo o sol

E nas sombras sob meus olhos

Eu vejo o breu ferindo o arrebol


E são longos os gemidos das águas

Desertificando a terra deslocada


E não mais vejo as nuvens

Nuvens ensanguentadas

Vejo o sangue dos olhos no espelho

E nas minhas mãos

E nas tuas mãos

E nas mãos sedentas

Que erguem-se

Pedem e lamentam

Perdida batalha

Aos pés da triste Gaia


Eu vejo resquícios

Resquícios de searas culpadas.




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Maria de Lourdes da Costa
Maria de Lourdes da Costa
Apr 11, 2023

Eu penso poesias em suas letras.

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