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Poesia - No gingado do tempo, por Narinha Lee

Foto do escritor: Alex FragaAlex Fraga

Domingo no espaço de literatura e letras do Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a escritora e poeta Narinha Lee, com seu poema intitulado: No gingado do tempo.

No gingado do tempo

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O espelho

é meu parceiro!

Me olho nele e vejo refletido o meu Eu escondido, o meu Eu muitas vezes vencido. O Eu que oscila entre "a bela e a fera", o bom e o ruim, o claro e o escuro.

Com meu olhar fixo na imagem refletida, me desnudo por completo.

Estremeço!

As pernas ficam bambas!

O coração entra em descompaço no pequeno peito de aço.

Colápso!

Chego mais perto, já me falta a visão, consigo então, enxergar com exatidão no meu Eu refletido, os amores que deixaram marcas profundas, ora moribundas. As árvores plantadas que se agigantaram como o Jequitibá no meu jardim e outras que feneceram.

As receitas de vida seguidas, doídas e arrependidas.

Enxergo também dores infindas, sentidas n'alma massacrando minha existência.

Chego bem mais perto ainda e lá enxergo elas, as rugas brincando de vida...

Elas se cruzam,

se esticam e se espalham no emaranhado do tempo.

Uns as chamam de "maturidade", outros de "sinais de sabedoria" e tem até quem as qualificam como inimigas da vida.

O Sol se deita na tarde exibindo cores através da janela em meio às reflexões, como a invadir o meu Eu agora mudo e revirado.

Um sorriso brota nos meus lábios encarnados, a reciprocidade não tarda, se manifesta na imagem refletida e o meu Eu me sorri de volta.

Ah as rugas!

As rugas seguem enfileiradas criando formas enigmáticas...

Eu sigo em frente...

... No gingado do tempo!

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Narinha Lee

 
 
 

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