Sexta-feira, o espaço de poesia e textos literários do Blog do Alex Fraga abre esse dia da semana a partir de agora para mais uma poeta de Campo Grande (MS), Sylvia Cesco.

Não, eu nunca fui.
Sylvia Cesco
Eu nunca desejei
uma vida cinzenta e morna;
ela foi se desfazendo em coloridas bolhas
de sabão.
Não nasci para ser confinada
dentro de espelhos distorcidos
nem tão pouco ser areia da praia ou do deserto
que arranha, corta e sangra a pele
dos seres inlúcidos ou esclarecidos.
Nunca fui uma desperançadora de pássaros:
- eles
e as borboletas
e a chuva
e o arco-íris
sempre voltam
incessante e insuspeitadamente.
Sabem que todas as mágoas dos homens
podem ser lavadas
e que, calma e serenamente,
jardins e praças serão reflorescidos
por (in) significantes seres rastejantes,
reconstrutores dos trieiros esquecidos.
Sim, confesso minha ex-culpa: eu nunca fui.
Sou de assobiar cantigas e “decifrar escuros”
com meu acastanhado olhar
como o poeta disse.
E para mim
não há nada mais sinceras
mais humanas, mais admissíveis
do que as palavras
de um poeta
posto que todas são
somente pelo divino traduzíveis.
Belo texto poético. Parabéns.
Parabéns