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Poesia - Memórias de uma menina, quase boa, quase má, por Tânia Souza

Terça-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a professora, poeta e escritora de (Campo Grande MS), Tânia Souza, com Memórias de uma menina, quase boa, quase má.



Memórias de uma menina, quase boa, quase má


Cabelo embaraçado... Alguém pra pentear.

Lágrimas depois: tranças, especialidade de mãe.

Andar descalça areiando o entre-os-dedos


Leito de chão, entre folhas e grãos, vidas escondidas.

Terra molhada modelando a vida;


O chão tem segredos divididos com águas.

Gotas de um tempo que só crianças conseguem escutar,

Em culinárias de invenção o barro cria e recria mundos.


Vestida de flores e folhas

Chita verde e azul, mais um toque,

E o tom que só o chão podia dar.


Gostava de pesquisar sem trilhas

Minhocas faceiras em túneis secretos

E sentir nas mãos o escorregar das arejadoras.


Em trilhos gostava de pesquisar as conversas de formigas.

Maldadezinha no ar, seu dedo tocava sem carinho uma delas.

Vontade de ser deusa-menina?

As outras se alvoroçavam todas

E a fofoca se estendia pelos caminhos.

Arrependidas as mãos se recolhiam.


Em dias magnânimos, presentes...

Assim sem mais:

1. Grãos de arroz;

2. Leve chuva de açúcar;

3. Um restinho de bolachas surrupiadas do café.

E já era bom, porque senão poderiam acostumar...


E era bom vê-las descobrindo o néctar;

E era bom vê-las entrilhando-se em busca do pão.

E já era hora de ir, vontade de ficar um pouco mais.

E sabia que cada uma delas era parte do lugar

E sabia que amanhã voltariam, voltaria sim,

Como fazia o vento desmachando-lhes as tranças

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