Poesia - Manoel de Barros, por Paulo Portuga

No Blog do Alex Fraga é dia antecipado da poesia com o professor, músico, compositor e poeta, Paulo Portuga, com sua homenagem ao grande poeta Manoel de Barros que completa 107 anos no céu! Festa da poesia.

MANOEL DE BARROS

Manoel de Barros Não morreu... Só fisicamente Voltou-se ao chão Virou sementes Sementes de poesia Que brotarão Na alma dos poetas Que servirão de abrigo Para as palavras soltas Que voam no pensamento Suspensas na memória E repousarão livres Em versos e trovas Fincando raízes profundas Extensas e permanentes Ou como limo Cobrindo de verde A pedra lisa gramatical Água, matéria orgânica Barros, barro de Manoel Que se molda à mão Num gesto simples de menino Que ultrapassou cercas Porteiras e pantanais Galgou o mundo Ganhou asas de passarinho Decifrou tudo Com muitos nadas Traduziu coisas Com minhocas Construiu um universo Com a pressa das lesmas Fez das palavras Criancices.

Escrever sobre Manoel É um atrevimento Foi preciso respirar fundo Antes do afogamento Em seu universo De encantamentos. Obrigado Manoel.

Paulo Portuga, 06/12/2023.