
Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor, compositor, poeta e músico de Dourados (MS), Paulo Portuga, com "Mangue".
MANGUE
Ai que saudade do mar
Que me faz sonhar
Um caboclo como eu
Aqui do sertão
Beirando a fronteira do mato
Onde os rios se formam
Brotando das pedras do chão
E descem em cascatas
Percorrem meus sonhos...
Quando o homem
Descobrem os encantos da mata
A ameaça se alastra
E sobe o cheiro de pólvora...
Enquanto o rio desce
Por entre as serras
Serpenteando por plantações
Margeando as favelas
Recebendo o que o homem tem feito
Lixo, detergente e sabão...
O encontro das águas no mangue
Deixando seu rastro de poluição
Quase sem alma, sem peixes
Sem vegetação
É de doer o coração...
A natureza se afasta
Se esconde por entre árvores
Em áreas de proteção
E nem assim o homem
Se dá conta
Do perigo que o ronda...
Quando a temperatura esquenta
Aumenta a chuva
Desce a lama
Soterrando vidas...
É necessário
Prestar mais atenção
Desarmar o arpão de ferro
Salvar o que ainda resta
Sem rodeios e bem depressa
Quem sabe aí
Eu sonhe outro sonho
Onde os pássaros se alegrem
Que os homens creiam
Que é possível viver
Com menos destruição...
Paulo Portuga, do livro Mutirão de Ideias.
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O mangue é filtro generoso dos nossos excrementos e berço de muita vida… Viva Chico Science e o Portuga!
Legal
Parabéns