Poesia - Luzes de aquarela, por Marcos Coelho
- Alex Fraga
- 23 de mar.
- 2 min de leitura

Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Dourados (MS), Marcos Coelho, com "Luzes de aquarela".
Luzes de aquarela
Marcos Coelho
Pontos estelares nos céus...
Na folha de papel suaves traços do desenho...
Pinturas em aquarelas primárias...
Surgem irradiando em cores
no pingo d’água primas em borrões
borrões suaves de colorir papel...
papel de várias cores
no branco o destaque profundo...
Ao pincel suave borrando em beleza
suave de aparecer as cores...
A suavidade na beleza da composição...
Ser em verdade e ser em poesia...
A criatividade dessa arte em papel...
As brincadeiras entre versos e aquarelas...
Valseiam palavras em cores
em borrões coloridos n’água...
A vida tinge vida em puras cores de existir...
Ao olhar aquarelável do menino
ou da criança dentro do adulto...
Olhares carregados de pura ternura...
O existir pleno no sulfite do tempo...
Escrever palavras com tinta em pena...
Borrões de histórias com lágrimas sob o papel...
Diria de tempos imemoriais que o tempo mal alcança.
Lembraria lépido dos tempos de criança...
Sorriria, sim, de mil anedotas marotas...
Marotas de sentir os traquejos do coração...
Esse coração roto e amassado de sentimentos tortos...
Na verdade, sentimentos corrompidos
ou roídos na tortura das horas de espera...
espera uma correspondência não correspondida...
Terna ilusão de uma criação do pensamento...
Dileto pensamento que romantizou o que não existe...
Se existiu, por certo, foi só no pensamento intimo...
Intimo e totalmente solitário mesmo.
Sentimento de um só, não de dois...
Sentimento de duas pessoas é um tesouro...
Correspondência aquarelável em tinta de sentimentos...
Sentimentos claros e suaves como tinta em água...
No papel de ser, no papel da vida...
A poesia respinga águas e cores vivas...
O tempo não distingue o que é ou o que foi...
O tempo é inexorável no seguir...
Cada qual que cuide do que alimenta e protege...
Aquilo que se cultiva é o que se alimenta depois...
São artes, são verdades, são palavras, são cores...
São sabores e dizeres de verdade ou de mentira...
Arranha-se a folha, mas o tingimento dela não sai.
Assim, são as luzes na aquarela...
A jornada é segura ou insegura...
A depender do sentimento que se almeja...
Amar pode significar perder...
E perder, muitas vezes, é liberdade...
A liberdade pode, em alguns casos,
levar ao verdadeiro cativeiro...
Como galináceos no poleiro...
escravos de uma condição inalienável...
Condição humana criada...
Por outrem...?
Não. Condição criada por si mesmo.
E a culpa é de quem?
Nem sempre é culpa do alheio...
Escolher águas, folhas e tintas aquareláveis...
Pensar em luzes,
Colorir aquarelas...
Tingir nossas folhas...
Encontrar em tudo a harmonia...
Ouvir tons de vitrolas velhas e violinos...
Ouvir o oceano na concha...
E das igrejas o badalar dos sinos...
Pegar a folha limpa e clara de um lindo dia...
Enche-la de umidade da água fresca...
No tingir de almas em cores...
Com humildade destacar amores...
Dar vida, cores, luzes, sim, na aquarela...
O poeta sabe, senti e versa, vai e tinge...
As cores em aquarelas,
Ali matizes em sentimentos...
Tudo ali vive e respira prosa, versos e pura poesia...
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