Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora de São Paulo (SP), Paula Valéria Andrade, com Indie Gente
INDIE GENTE
Colchão largado na calçada.
Tragédias cotidianas,
Esquina de prédio bacana.
Tem sujeito ao pé do rodapé, na portaria.
Caído ali, perdido e fedido.
Sujeito invisível esquecido.
Ninguém dá bom dia ou pergunta:
Como vai você?
Gostaria de um café,
Algo de comer, beber?
Colchão largado na calçada
Colchão largado na calçada
Já não se sabe a rota ou mapa da estrada
Sujeito vagueia sem rumo ou social coleira
Sujeito vagueia
A beira da ribanceira
Pedaços, migalhas, restos,
Coisas espalhadas. Ali, largadas.
Gestos, entulhados por aí.
Largados, perdidos como se fossem nada.
Ossos da sobrevivência
Despejos de querências
Sem um afeto, sem teto,
Sem um chuveiro, ou almoço garantido o ano inteiro.
“A vida vence e vale,
Via ferocidade da velocidade,
Ferve disputas nas esquinas da cidade,
Em alpinismos sociais, das tais oportunidades.”
Colchão largado na calçada:
Solidão, mal acompanhada.
Sujeito invisível esquecido,
Indigente – triste - jornada.
Tragédia anunciada:
Sujeito invisível esquecido,
Colchão largado na calçada.
Nossa indiferença dorme nesse Colchão! Que a poesia nos acorde! Abraço!