Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora de Campo Grande (MS), Cláudia Finotti, com Enquanto o sol se deita.
ENQUANTO O SOL SE DEITA
Minha pele arrepia
Quando o entardecer
Pinta de cores
O céu do cerrado.
E aquele amarelo dourado, Em cima de tudo derramado, Coloca luz e movimento Em tudo que está parado.
Faz minh’alma rezar baixinho, Refletindo desejos nos carixós e brejos, Tremulando sonhos semeados no caminho Abertos na floração inocente dos aguapés.
Onde vez ou outra Encontram-se pegadas De almas velhas Andarilhos de longas estradas.
O cerrado se faz presente Mesmo para os desocupados ou ausentes, Que levam consigo saudades Misturadas com terra vermelha e emoções quentes Desprovidas de quaisquer maldades.
Pisam com os pés descalços No seco e estéril arenito, Carregando segredos encalços Em seus corações tão jovens quanto atrevidos.
Lembranças são passageiras E costumam ser levadas pelas mãos, Como crianças birretas fazendo arruaças, Levantando e espalhando poeiras, Feito arauto distribuídos nas praças.
Os bichos fitam ouriçados
Como quem comunga depois da missa.
O peão toca o berrante
Ressoando sua fé submissa.
Enquanto o sol devagar Vai deitar em Mares de Xaraés, Para de novo e de novo Amanhecer em outro lugar.
Cláudia Regina Finotti Vieira Pontes
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