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Poesia - Divino ou de Vino, por Isaac Ramos

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 16 de jan. de 2023
  • 1 min de leitura

Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor, poeta e escritor de Alto Araguaia (MT), Isaac Ramos, com "Divino ou de Vino".


DIVINO OU DE VINO

Encho a taça

E me embebo

Tua face

Tua classe

Lábios tintos

Me rugem

Em algum

Ponto la France.

Divino espanto

De letras

Labirinto de vino

Não sei em que Porto

Me encontro

Alguns goles

E me embebo

Em teu corpo

Seus níveis de tanino

E sua complexidade

Me aperitivam

Em abraços

E queijos.

Teu sabor encorpado

Nenhum Châteaneuf-du-Pape

Com suas 13 castas

Me deixariam menos casto.

Pudesse te encontrar

Na Borgonha

Sem nenhuma

Vergonha

Te verteria

Em doses tintas.

Extinto não é meu desejo

Por Cabernet Sauvignon

Teu gosto que permanece

Na boca

Conduz-me ao gozo

Em várias regiões

Eu me viro

Para te ver no Chile

Mas, se preciso for,

Eu me assanho

Em versos

Até Toscana

Ou Bordeaux.

Não pode faltar

Em nossas combinações

Os Merlot

Eles se misturam

Como nossos sorrisos

E por encanto

Leve embriaguez.

Chego ao Cinema Noir

(Pura rima à toa)

Talvez porque me lembre

De tua essência

Pinot Noir.

Oras, uvas que me deixam

Em flagrante delírio

Com o gosto de teu beijo.

– Estou todo Borgonha por você! –.

Queria falar da Shiraz…

Por favor, não se vá!

Do Oriente Próximo

Os romanos a trouxeram

E as levaram para o vale de Rhône.

Pudera eu cultivar tua presença

Ser regular e resistente

À saudade que me atormenta

Intempéries…

Não mais, não mais!

Malbec!…

Adulto precoce

Que de leve traz

Teu buquê

Com baixa acidez.

Árido é o deserto

Em que me encontro

Macbeth…

– Mosto que é uva –

Não vislumbro

Nenhuma tragédia.

És popular

Não Marly Monroe

Talvez Evita Perón.

Os argentinos me fazem bem.

Relembro

Almodóvar…

Quem sabe porque

A Tempranillo

Seja forte na Espanha.

Tua cor

Tua capacidade de envelhecer…

Nem tão temperamental assim.

Ah, tudo isso me bastaria!

As horas passam

E esse vinho tinto

Que me deixa tonto…

Será que me esqueci

De alguma coisa?

Ah, sim. Uma garrafa

De Romanée-Conti

Que deixei na geladeira.

Se não a encontrar

Beberei o poema

Que fiz para ti.

09-04-2016

Alto Araguaia – MT

 
 
 

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