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Poesia - "Da janela foi o que vi", por Paulo Portuga

Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o professor, poeta, compositor, escritor e músico de Dourados (MS), Paulo Portuga, com "Da janela foi o que vi".


DA JANELA FOI O QUE VI


Os primeiros pingos da chuva Começam a cair De nuvens negras Que num instante Cobriram o céu Raios riscam o ar Trovões sacodem o chão Ventos uivante Retorcem galhos E o verde matagal Deita-se em ondas Macaúbas despencam dos cachos Folhas de bananeiras Voaram para outro quintal Acerola madura Foi arremessada ao chão Tingindo o tijolo da parede De vermelho encarnado O vento diminuiu Mas, a chuva apertou A enxurrada acelerou o passo Em direção ao riacho Dizem que chuva Não atravessa rio Mas eu vi atravessar Ao cessar pintar O céu de arco-íris A água escorreu pelas telhas Até a última gota da beira João-de-barro saiu procurando Barro novo para o seu bico Da janela foi o que vi O sábado inteiro.

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