Poesia - Cavalo da Carroça, por Fabiano Pereira
- Alex Fraga
- 22 de mar.
- 2 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com empresário e poeta de Dourados (MS), Fabiano Pereira, com "Cavalo da Carroça".
CAVALO DA CARROÇA
Debaixo de um sol a pino,
dois andantes sem esperança.
Um carrega o peso da idade,
o outro, da ignorância.
Um trabalho tão pesado,
com tanta dor e sofrimento.
O carroceiro estala o chicote,
A dor queima o cangote,
muda o passo para trote,
Fuga inútil do jumento.
Oh, vida que não deixa barato!
Estala o sol no velho coitado.
Do túnel não mais se vê a luz:
um carrega o peso do outro,
o outro carrega o peso da cruz.
Nessa epopeia puxada do jerico,
que mal enxerga o que a venda deixa,
seu dono, com seu olhar perdido,
do mundo não é compreendido.
Seu sofrer é sua empreita.
E, nessa triste e dura andança,
mal entendem o que a vista alcança.
É um mundo tão distante
que sua vida não avança,
e sua dor é só o reflexo
do viver na ignorância.
Se talvez entendesse mais
das coisas complicadas do mundo,
sua vida não andaria pra trás
e não seria esse sugismundo.
És quase um invisível,
caído em poço profundo.
Já a vontade do cavalo
é que acabe logo o dia,
desencilhar dessa carroça
que tanto lhe afligia,
tirar do lombo o cavaleiro
enquanto esse sol ardia.
Fugir para um canto sombreiro
Pastando o fim dos seus dias.
Tantas vezes fomos carroceiros,
outras tantas, cavalos da carroça,
só vendo o que o tapa-olho deixa,
só carregando peso nas costas.
E seguimos com esse fardo,
sem parar pra questionar
que não somos pangarés
pra tanta joça carregar,
esperando, dia após dia,
o fim da empreita chegar.
Fabiano Pereira
O que mais me encantou é não haver vilões ou heróis. Dois seres vivos condenados ao que a trave dos olhos lhes permite ver.
Claro é impossível não ficar com pena do cavalo mas não vemos o cavaleiro como vilão e sim uma vítima que a sociedade lhe deu este papel e ele apenas cumpre porque não vê outra opção.
Ass: Débora Kamilla
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Surpreendente! É para ler e reler. Marcos