Poesia - Cataventos de Solidão, por Marcos Coelho
- Alex Fraga
- 2 de mar.
- 2 min de leitura

Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Dourados (MS), Marcos Coelho, com "Cataventos de solidão".
CATAVENTOS DE SOLIDÃO
Marcos Coelho
O ar e a expiração...
O hálito de um Deus bom...
A vida que flui no corpo de barro...
O homem que vem do pó...
A poeira das estrelas...
O homem, um sonhador...
Amor, paixão, alegrias e amizades...
O ósculo de um adeus interminável.
O ladino tempo espreita bem malandro...
E rouba os anos, às vezes, mais rápido que se perceba...
Os cataventos de solidão...
Bilhões de pessoas e nenhum encontro real...
Inteligência Artificial...
Máquinas e engenharias modernas...
Pessoas robóticas quase humanas...
Ilusões...
Decepções...
Amarguras...
Desencontros...
Passeios ao sol, passos íntimos,
Fones de ouvidos,
Auriculares...
O tempo e a chuva...
As crianças, o algodão-doce e os cataventos...
Alguns até com a latinha na base a barulharem...
No dizer das avós, os ouvidos alheios...
Alguns se animam,
Põem cataventos nas casas, nos telhados...
Outros marcam a passagem do vento...
Com os sinos dos ventos...
Mesmo assim com tais sinais sonoros...
O fato é que o amor pede passagem...
E passa para o outro lado...
Esquece o passado...
Esquece o passo e a passada...
Na calçada da vida em paralelepípedos de ilusão...
Esquece a juventude,
Esquece, esquece a lembrança, sim...
Esquece tanto o bem quanto o mal...
Esquece mesmo o que existiu ontem,
Talvez exista hoje,
Esquece de propósito para que não exista amanhã...
E sou o poeta da lembrança,
Aquele que sofre com o teu desprezo...
O que sofre com o teu esquecimento...
Não hoje, mas por muito tempo.
A velha maquina de costura de versos...
Sofre ao pedalar tão rápido os pedais ligeiros do tempo,
Tudo isso para não esquecer...
Esquecer o que poderia ter sido,
Como não esquecer o que realmente foi.
Quer coser mais uma linha, mais uma história...
As pétalas de rosas caídas junto à taça...
O disco cessou a agulha,
Alguns despertaram diferentes...
Amor em cataventos de esquecer...
Poesia, poesia, poesia e cataventos de ilusão...
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