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Poesia - Catação, por Nelson Araújo Filho

*** Foto: Valentim Manieri**** - - -


Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o advogado, poeta, escritor e coordenador do Instituto Agwa, Nelson Araújo Filho, com Catação.


CATAÇÃO


Tuvira não gosta de luz. E o dia não lhe alcança Debaixo da penumbra do baceiro. Seu correr de lodo e fundo Só o escurecer empurra. No embalo dela O cupim-de-cheiro é quem a trai. A noite é a perdição da tuvira.

Sono do caranguejo vem da noite. No sol ele se esbalda Se expõe pelas laterais. De cambada invade a ramagem Escorrega no batume. O dia é a perdição do caranguejo.

Sem perdão No dia e na noite A vida se esparrama. Se perdem seus elos Arrematados por vontades supérfluas E pagas de trocados de vintém. Alvará adornado de selo e digital Homem da cobra, música e papel picado Folia de arrasar Na liquidação fulminante de estoque.

Humanos, Macho e fêmea São de iguais nos alagados do Senhor. Da infância ao fim Destino não os aparta de distinção. O escasso não tem olhos. Só exigir.

Água da cintura ao peito Jequi armado Telado de arrasto Turno remontando turno Sobra calor, sobra escuridão. Chega pra lá o baceiro Empurra aqui o batume Vem pra cuba o catado.

Na submissão do pouco Vão-se eras Vão fêmea e macho Perseguindo vida Suportando canga. Nessas águas Conformação reage resistindo. Desdenha morte.

Para além do sangue e da carne O confronto nos viventes, cada um por si, É elemento de curso e meio. Alterna lados. Sua percepção intuitiva Se renova em votos Assim desde a primeira geração Até que se faça a última.


Nelson Araújo Filho

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