Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o músico, compositor, poeta, escritor e professor em Dourados (MS), Paulo Portuga, com Até o fim.
ATÉ O FIM
Não consigo aceitar
O mundo com tantas guerras
Não posso aceitar
A morte à espreita
Rajadas de balas
Em pessoas famintas
A barbárie como condição
O ódio como resposta
O sadismo como recompensa
Não faço mais a aposta
Que o ser humano
Um dia terá jeito
Pois sou eu
Que não enxergo direito
E quem sou eu
Na fila do pão?
Para opinar sobre isso ou aquilo?
Quem sou eu para julgar?
Se eu sei de poucas coisas
Que eu não sou nada
Apenas um grão de areia
Na vastidão do deserto
Mais um incerto
No meio da multidão
E que eu não tenho razão, pois
Enquanto espécies se extinguem
E o planeta falece
Eu assisto uma série na TV
A história de um avatar
Que no lugar de super-heróis
Uma criança
Com poderes extra-sensoriais
Irá salvar o mundo
Na luta entre as forças
Do bem contra o mal
Uma contradição
Enquanto na real
Nas guerras o mal prospera
E por mais distante
Que a morte sem razão acontece
A dor do outro
Também dói dentro de mim
Sangra minha alma de poeta
Tingindo minhas palavras de sangue
E as areias do deserto de vermelho
Causando-me enorme desassossego...
O antropoceno
Não durará muito tempo
E o planeta Terra
Irá se regenerar
Sem a presença humana
E até lá
Se continuar assim
Haverá muita dor e sofrimento
Afetará você e a mim
Sinto muito desapontá-los
Se desta vez não falei
De amor e esperança
Não foi por esquecimento
Mas é o que trago no peito
Neste momento
Até o fim...
Paulo Portuga, 04/03/2024.
Aqui é uma escola. Assim sendo estamos aqui pra lidarmos com erros e defeitos nossos, não dá natureza. Sofrer é não querer que assim seja. Bom dia amigo. Que Deus o ilumine...
Muito forte Poeta Portuga! Tocante! É a dor da involução humana...