
Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o advogado, poeta e escritor de Campo Grande (MS), Nelson Araújo Filho, com Arlequim de Palha.
ARLEQUIM DE PALHA
Os aguapés fizeram de vermelho
A corrente do corixo
E as ovas de caramujo
Nos alagados
As águas, tantas, alternam
Misturam caminhos.
No semblante do homem
A aflição é estampa, se despe no inútil
E se disfarça do cansaço.
- De que me valem os anos e todos os blefes?
Um festim licencioso nos empurra
Às véspera do ajuste.
Foram tuas as coxas lascivas.
Entre elas a barganha da vida
Indiferente as vidas.
Tenho fome, serve-me a carne!
Me disseste, profano.
O taboado era porto e cepo
De lavar e banhar.
Surpreendido, teu sorriso
Desmanchou o sabão e as bolhas
Inundou-me os olhos.
Esses que enxergas frágeis
Junto as coisas, tantas, desaproveitadas
Debaixo do sol.
Nelson Araújo Filho
Linda demais!
Arlequim, procura a Colombina, nas toboas e nos alagados pantaneiros, os corixos nas correntezas, pintam os aguapés enfeitando com conchas dos caramujos, alegoria canarvalesca, Pantanal em festa.
Maria de Lourdes da Costa