Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com Arco-Íris em cravo.
ARCO-ÍRIS EM CRAVO
(Isaac Ramos)
Se algo em mim morreu
Não foi a poesia de todo dia
Nem o calor do beijo das palavras
Nem a metáfora acertada
O que em mim afeta
É um poema alquebrado
Um ritmo mal dito do verso
É a palavra debochada
A poesia interrompida
O estampido do universo
Sem magia, sem alma
A anemia dos lábios
Ressequidos do verbo
A frieza do vazio
A palavra requentada
Um rascunho de imagem.
Prefiro me vestir de horizontes
Procurar outros front
Em que eu possa
Beber o fluido da fonte
Do arco-íris em cravo
Por isso subscrevo
E em salto único
Deixo de ser escravo
De imagens maltrapilhas
De metáforas mutiladas.
No turbilhão do ritmo
Reencontro a cadência
Em que o tudo é o nada
E o nada é tudo
Contudo de cores invisto
Não resisto a sinestesias
Mas não me entrego a anestesia
Da rima fácil que engessa
Busco acertar o compasso
De um tango argentino demente.
Sou temente a poeta repente
Sou solene às cinzas das horas
Um toco de poema não me comove
Assim como um lápis de arco-íris
Não melhora o olhar do leitor
Súbito a bolsa do poema rompe
E deixa à mostra a placenta da poesia
No meio das pétalas abertas
Escuto um choro do verso
Que, assustado, desabrocha em flor!...
Parabéns poeta muito lindo