Poesia - Amanajé, por Sylvia Cesco
- Alex Fraga
- 16 de set. de 2022
- 1 min de leitura
Sexta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a escritora e poeta sul-mato-grossense, Sylvia Cesco, com o poema "Amanajé"

Amanajé
Meus pobres irmãos, quão triste é sabê-los ... Dói-me o coração, a voz me cala diante de tamanho desmazelo para com sua gente, povo primeiro destas terras. Confesso que de onde estou não posso ouvi-los e nem vê-los : -lá fora , há algazarras e buzinas de carros celebrando sabe-se lá o quê ... porém , posso senti-los como se guató também eu fora, ou quem sabe guarani, kadiweu ou índia terena ? Sou uma auati irmanada com suas dores plenas impedidos que são de ver nascer da terra a flor enquanto a pranteiam tal como a mãe que perde um filho agonizando sem voz, sem verde e sem viço . Oh, meus irmãos, pobres irmãos! Aqui, do meu tekoha urbano também choro por todos vocês, pelos seus frutos que murcharam antes da colheita, seus bichos queimados em fogueiras de ambição. Quero juntar-me à sua triste sina de refazer o canto dos jaós, das juritis, dos sanhaços e sabiás. Deixem-me dar- lhes as mãos na travessia dos muros do impossível . Oh, meu povo amado! Até quando nossa dor invisível inda será necessária? Até quando vão nos mostrar extensas garras de cobiça? Antes pois que o tempo que a tudo desperdiça, nos deixe em perpétuo estado de mudez selemos, meus irmãos, nossa boda imaginária sob as luzes cintilantes de românticos urissanês
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