Poesia - Amélia, por Helena Pereira
- Alex Fraga
- 18 de mai. de 2024
- 2 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com a poeta e escritora de Amambai (MS), Helena Pereira, com "Amélia".
AMÉLIA
A história de muitas mulheres
Começa... e termina na sarjeta
Exemplo da pobre Amélia “que era mulher de verdade”
Como já dizia o machista poeta
Amélia da vida
Logosofando deitou-se na calçada úmida e fria
Sonhando com edredom de textura macia
Cobriu-se com o papelão, lixo da frutaria
Adormeceu princesa invisível, acordou de barriga vazia
E a história foi assim por muito tempo
Muitas Amélias, muita dor
Será que Amélia tem alma?
Será que tem coração?
Amélia da vida,
Fez o café da manhã com maestria
Olhou para o dinheiro que tinha, mixaria
Correu ao mercado e comprou com sabedoria
Trabalhou o dia inteiro como escrava
Sonhava do seu senhor a alforria
Mas Amélia mal sabia
Que com ele era casada
Amélia, trabalha fora e em casa para ter alguma melhoria
Ajuda o marido com as contas e cuidava suas crias
Em casa, cozinha, limpa e lava e passa a indumentária
E o marido inda lhe trai, triste, quer deixar de ser otária
Amélia, não usa saia curta senão sofre injúria
Não usa roupa justa porque causa euforia
Inda assim sofre assédio por parte da patifaria
Medo do estupro que ronda, cultura machista, luxúria
Essa história mudou e muitas outras também,
Na luta das Amélias, Amélia agora tem sua glória
Amélia da vida,
Mesmo trabalhando, sendo esposa e cuidando cria
Resolveu estudar, encher a mente vazia
Mudar a historiografia
Marido não gostou nada, sociedade muito menos
Amélia se forma este ano, sua maior alegria
Amélia não é mais da vida, Da o rumo que quer na lida
como sempre devia ser
Não aceita direitos exigidos, tratados como histeria
Não é escrava, é mulher, com a mesma simetria
Não quer marido nem senhor, no amor só parceira
E que seja realidade, não apenas teoria.
Escrita em 8 de novembro de 2015
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