Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o escritor e poeta de Dourados (MS), Rogério Fernandes Lemes, com A menina atrás da árvore.
A MENINA ATRÁS DA ÁRVORE
Rogério Fernandes Lemes
Era manhã no bosque e,
para a maioria dos
passantes,
nada de extraordinário;
nada de interessante,
nem mesmo,
em suas próprias vidas.
Em um mundo
conturbado
confuso e vigiado,
pelo politicamente
correto,
todos tinham medo de
espiar a realidade e,
como bem disse o Poeta,
“transviar o mundo” ao
seu redor.
Mas não ela!
Não a menina-mulher de
olhar singelo,
verdadeiro e,
principalmente,
de um olhar existencial.
Talvez quisera saber de
muitas coisas;
ou compreender, até
mesmo,
quem realmente ela era,
de verdade.
Mas sabia que as
respostas
estão muito próximas...
Ela sentia isso... todos os
dias.
As respostas, quase
sempre,
estão chão e, ao tropeçar
por elas,
como dizia na velha
canção:
“Você encontra
a solução”.
A menina, por detrás da
árvore,
ousava transviar seu
mundo;
vê-lo de uma perspectiva
totalmente sua...
subjetiva, porém,
totalmente sua.
Cuidou de todos os
detalhes:
Arrumou o cabelo,
que mais pareciam raios
dourados
expelidos da carruagem
de Hélio,
o deus grego com a
função de trazer
luz e calor aos homens...
Com a pele tão macia
que nem mesmo a fruta
mais delicada
podia ser comparada;
um pouquinho dos
lábios, ainda visível
para assegurar um
silêncio gritante,
de uma alma explodindo
em vida radiante.
Adereços dourados
complementavam
seu aspecto divino e,
seus olhos...
Ah, seus olhos!
Eram pérolas flamejantes
de profundidade
magistral...
Eram janelas para outras
dimensões,
muito além do plano
meramente
em terceira dimensão.
Seus olhos refletiam
delicadeza,
beleza que eleva
qualquer espírito,
mesmo aqueles que
vibram em
frequência tão rasteira.
Por detrás de uma
árvore,
de um conglomerado de
carbono
misturando-se, em
essência,
ao Todo que nela há.
E, foi assim, “quando a vi,
logo ali, tão perto;
tão ao meu alcance;
tão distante; tão real”
percebi que eram
reflexos
de um espectro inatingível,
refletidos a partir de seus
lindos olhos
Estava a menina-mulher
ali
“cheia de charme, com um
desejo enorme...
De revolucionar”.
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