Poesia - A dança dos incautos, por Maranhão Viegas
- Alex Fraga
- 24 de fev. de 2024
- 1 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o jornalista, escritor e poeta de Brasília (DF), Maranhão Viegas, com A dança dos incautos.
A dança dos incautos
Adalberto e Jacutinga
são paradoxos da vida
no sertão. Uma deu
a vida inteira. Outro deu a vida inteira,
também. Cada um a
seu modo.
Dação distinta.
Improvável aos olhos
dos comuns.
O dar de Jacutinga,
mais que o corpo,
envolvia a alma. Deu o
corpo também, claro.
E transformou o dar
do corpo em maneira
de resistir.
Dando, foi tolerante.
Tolerando, trouxe à
luz outras vidas que
sequer sabiam ser. E
foram.
Adalberto é sertão
em corpo, alma e
copo. Querer ser
diferente faz sentido,
não. É bestagem ser
contrário.
Adalberto deu
amor em forma
líquida. Liquefez sua
caminhada tornando
úmida a trilha por
onde pisou.
Preencheu seus
rastros de tristeza
alegre. E de alegria
triste.
No último ato de sua
longa rota Jacutinga
reservou espaço
especial para a dança
da vida.
Dançou com
Adalberto como
só os deuses, no
Olimpo, dançariam.
Ao redor deles claves
de sol travestidas em
lágrimas. E o tempo,
vasto, eterno, infinito
se fez epifania de
amor.
A estrada é pó.
Coragem e delicadeza
misturadas,
escorrendo nas mãos
entrelaçadas dele e
dela.
Para sempre. Serão.
Sertão. Para sempre.
Inorbel Maranhão Viegas
Brasília 17/02/24
Muito bom