Poesia - A Colheira, por Paulo Portuga
- Alex Fraga
- 31 de mai. de 2023
- 1 min de leitura
Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o músico, professor, poeta, escritor e compositor de Dourados (MS), Paulo Portuga, com "A Colheita".

A COLHEITA
Foi farta a colheita
No pequeno pedaço de terra
Do amigo João Machado
Mas machado ele não usa não
Muito pelo contrário
Planta milho, batata, feijão
Mandioca, banana prata, quiabo,
Usa enxada, força e facão
Cercado por cidade, estrada, asfalto,
Cimento, carro e caminhão
Seu roçado é na reserva
Aldeia Bororó, Dourados
Sem gente apressada
Onde as ruas são de chão
De terra roxa batida
A mesma que afofada
Por golpes de enxada
Arado, suor e dedicação
Índios Kaiowás
Maioria parentes de João
Semeiam tudo com as mãos
Cana, coco, jaca, manga
Abacate manteiga
Que se pega com um varão
Alguém fica embaixo
Da grande árvore
Estica o braço pra não deixar
A fruta explodir no chão
Assim caminha o dia
Olhando a cor da flor
Com um bicho dentro
Olhando o céu e sua imensidão
Por onde voam tucanos, araras,
Papagaios e maritacas
Dizendo ao tempo:
- Vai chover bem no próximo verão!
Que o verde ventre das folhas
Encha a vagem de grãos
De cheiros, conversas, sabores
Quentes como o sol
Ardentes como a chicha
Bebida que se faz
Para manter a tradição
De seus antepassados
E orgulhosos do que são
Lutam por saúde, terra, trabalho
Aos nossos amigos originários
Muita gratidão!
Paulo Portuga, 29 de maio de 2023.
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