Poesia - À Prova de Amor, por Isaac Ramos
- Alex Fraga
- 17 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com À prova de amor.

À PROVA DE AMOR
Meu amor, eu tenho pressa!
Tenho pressa de te amar vigorosamente
Até provocar um grito lírico e telúrico.
Que dure o instante dos nossos carinhos,
Que não se estanque diante dos nossos desejos
E se agigante com o pulsar das nossas emoções.
A partir de um penacho, jogo um facho de adjetivos
Sobre um simples substantivo Carla.
Então distraio a Gramática e te derivo em poesia:
O que antes era nome, hoje é advérbio;
O que hoje é verbo, amanhã será em verso.
Nesse ritmo sincopado me desfaço dos receios
Incentivo razões que me desfaçam em devaneios.
Desprogramo a Razão
E donjuanizo a Emoção.
Emoção de me desfazer em Sol
– Um risco para o teu corpo –;
Em Lua, que não embacie teus olhos;
Em estrelas feitas cristinas de paula.
Meu amor, tenho pressa!
Tenho pressa de te encontrar voluptuosamente
Na esquina dos teus olhos catando raros orvalhos.
Deleito-me só em pensar acordar na sua mesma manhã.
E ao tocar em sua fronte ensoarada de luz,
Vejo-a luzida por um sorriso de ave.
Então me interno no labirinto dos teus olhos
E da menina dos teus olhos, sai uma mulher que se abre
A tocar uma cítara com um sussurro de clave.
Ah! Como desejo naufragar na superfície do teu oásis.
E atravessar videiras para encher cálices com o teu hálito.
Não satisfeito percorrerei avenidas em busca dos teus pecados,
Só para sentir de perto o gosto de tê-la ao meu lado.
Meu amor, eu tenho pressa!
Tenho pressa de terminar estes versos
E de eternizar-te num perplexo poema.
Só que na lida de um homem-poeta
É difícil mostrar-se de forma direta.
Por isso, peço-lhe, aceite esta poesia.
Não é um acróstico, uma ode ou um soneto.
Se deixo de burilá-lo,
É por que não é perfeito,
Mais perfeito só o teu corpo.
Sim. Pensei em dispensá-lo como um poema.
Dizem que do amor não se faz arte,
Mas se falta-lhe estilo; sobra paixão.
Preferi antes buri-lo, tal qual um objeto de desejo.
E se poesia lhe faltou
Foi porque dei-lhe apenas
Um simples nome à prova de amor.
À prova de amor, repelentíssimo poema Mestre!