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Poema – “Carta de amor mais que aberta”, por Begèt De Lucena

Foto do escritor: Alex FragaAlex Fraga

Nos últimos 10 anos, o cantor e um poeta de extrema sensibilidade, Begèt De Lucena, é sem dúvida o que ocorreu de melhor nas artes em Mato Grosso do Sul. No Blog do Alex Fraga, um poema de sua nova carreira, intitulado : "Carta de amor mais que aberta". Com todo esse processo de transformação, ele lança dia 12 a sua "Força Bruta".

Hoje vou ler meu grande poema

o último poema do último cygano

com força, com fome de amar

Você me olhando e me pedindo que eu cante! Mas eu sou de outras coisas

escrevo canções de amor soluçando o tempo do vento

sou do tipo de menino que está sempre indo e vindo, no vento

você me pede que eu cante até o fim

uma explosão sossegada de sons que não descansou no clube dos 27

que não rasgou à fogo a madrugada sem-fim no rabo de um cometa

mas que viu a cara da deusa

uma divindade preta que me presenteou no dia dos meus anos a sentença:

“- Tua voz é negra!”

“É tempo de reparar”, ela disse

Ela também disse que minha força bruta vem como um machado e que assim tudo fica vermelho

achei justo!

A cor dos meus olhos quando beijo os beijos molhados e misturo terno e violento o seco e o suave

Força bruta se multiplicando

desde minha mãe carinhosa

todas as canções, flores e estrelas

até o enfim

a certeza do mundo

poder finalmente me enfeitar pra descobrir do que é feito o amor

morrer disso

do que é feito o amor

suas definições improváveis

pra provar pra você hoje

que apesar de ser uma fera ferida

em gozo e sensação

não há nada no mundo que não passe pela minha mão e pelo meu braço frágil

música de não cantar

O que você quer mais?

Foi assim que eu comecei

Um poeta!

Foi assim que ele me chamou

de pé descalço, boca roxa e o coração quentinho

107 anos de pães doces descansando hoje

as ventas da cara do mundo

a venda de tia Belinha

foto recortada pra ser lançada ao mar ou de 7 andares

uma voz no alto da torre

uma voz negra dizendo o último poema do último cygano

foi por ti que o passarinho cantou no ouvido de São Francisco

que rompa a cura da doença do mundo

que eu corte meus cabelos de tempo em tempo, desenhados no vento

fruto da tesoura do desejo

paixão uma e espiritual pela nova era

que já vem vindo na semana que vem

é tempo de reparar o tempo, eu já sei

meu novo canto

a mistura do que os poetas chamam de amor

o grande escândalo somos nós, aqui, sós!

A mistura do que chamo de força bruta

e o recomeço dos versos e rimas

meu canto sozinho ecoando pelos salões de todas as festas

todas as plataformas e ruídos da terra

pra gravar a fonte de inspiração dos meus poemas falados

o estalo do teu sorriso molhado, divino e censurado

o barulho de minha alma vazia

rompendo a noite em carruagem de fogo

ardendo até que a música acabe

e pra quê?

pra abrir meu peito nas esquinas de todas as cidades

cantar meu canto torto

o grito do meu grito em silêncio

até que toda a gente reconheça e ouça minha força bruta

E vai paixão até que o poema cresça

até que o poeta padeça

ao escândalo de ter morrido de amor

brincando caixinhas de música,

segredos de liquidificador,

chama rota ao vento,

minha carta de amor mais que aberta

ferida exposta

feito a última música do último poeta compositor.


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