Segunda-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poema com o professor universitário, poeta e escritor de Campo Grande (MS), Isaac Ramos, com A morte da lírica.
A MORTE DA LÍRICA
(Isaac Ramos)
A lírica morreu...
O seu corpo foi enterrado n’O Cemitério Marinho de Valéry
Em cima da tumba não havia Flores do Mal de Baudelaire
Mas encontraram “A carta roubada” de Poe
Ao longe O Corvo crocitava: “Never more! Never more!”
Um lance de dados ao acaso não explica a invenção de Mallarmé
Tampouco a reinvenção do amor e angústia por Rimbaud
E sua paixão por Verlaine
Mas nada disso importa porque a lírica morreu...
O seu corpo está ao lado do de Madame Bovary e de Flaubert
Ninguém precisa saber se Capitu traiu ou não
Certo estava Dante ao trazer Virgílio para sua Divina Comédia
Dessa forma celebrizou o poema épico
Assim como Machado que criou um defunto-autor
Não me tragam cartas de poetas suicidas
Mesmo as de Sá Carneiro que escreveu “Além-tédio”
Para quem conhece Os sofrimentos do jovem Werther
Apenas as de Goethe bastam
Álvaro de Campos brada
“Não me tragam estéticas! Não me falem em moral!”
O testamento da lírica está pronto
Camões, Pessoa, Rosa, Drummond...
Sentam-se à mesa do cânone
Mas Sousândrade e Silva Freire lá não estão
O envelope é aberto e traz o seguinte pedido
Não espere o Dia dos Finados para me reverenciar
A lírica morreu, mas ressuscita na próxima leitura.
(Do livro TEIAS E TEARES)
Homenagem aos imortais, apesar de muitos europeus, lembrou do Silva Freire. Faltou o Mané, mas ninguém e nem existe poema perfeito. Gostei muito cara!
Nandão do pedaço
Volta Redonda
Muito bom!