Alex Fraga -
Fotos: Valentim Manieri
O cineasta francês Jean-Luc Gordard foi cirúrgico em dizer que "Cultura é regra, a arte é exceção". Escrevo isso para comentar sobre os dois episódios de "Mitos Vivos", uma série documental da Render Brasil lançada na última quarta-feira em Campo Grande (MS), dirigida e produzida por Tânia Sozza e Fabio Flecha, com a apresentação do cantor, compositor e ator Gabriel Sater. Um trabalho que mostra histórias do folclore nacional e todas as principais lendas (que muitos juram de "pés juntos" que existem). Na realidade esse trabalho tem o foco na cultura popular e principalmente como os moradores de cada região comentam sobre um "mito" imaginário em suas mentes. Certíssimo Gabriel Sater em dizer que as estrelas dessa série são justamente os diretores Fábio e Tânia que tiveram essa sensibilidade de mostrar esses "causos e contos populares", principalmente daqueles que nasceram no interior, mesmo que alguns dos personagens especificamente não são lendas genuinamente brasileiras, de acordo com os próprios pesquisadores e escritores que deram seus pareceres nos episódios. É óbvio que muitos que foram ao Cinépolis, no Shopping Norte Sul, foram para ver Gabriel Sater, falar com ele ou mesmo tirar uma 'selfie'. Muitos até pensaram que seria uma espécie de documentário sobre o artista. Mas, o bom foi justamente essa surpresa agradabilíssima, vendo um Gabriel apresentando, entrevistando alguns dos protagonistas e historiadores que colaboram com a série. Com certeza se Gabriel Sater não fosse músico ou ator, com certeza teria cadeira cativa em qualquer meio de comunicação como um excelente entrevistador, pois não deve para nenhum desses grandes jornalistas do país, pela sua desenvoltura e principalmente pela continuidade em perguntas das respostas dos entrevistados. Foram apresentados dois episódios ( O Boto e em seguida o Saci Pererê do Pantaneiro) dos 13 produzidos. Sobre o Boto, os trabalhos foram no Pará, onde mostram depoimentos de moradores e historiadores. Já o segundo episódio, Mato Grosso do Sul entra em cena, mais precisamente em Corumbá, sobre o Saci Pererê do Pantaneiro (com duas pernas). Um trabalho de imagens, fotografia e interpretação de tirar o fôlego. Detalhes mínimos foram pensados pelos diretores, o que se tornam mais fascinantes. Esses dois episódios deram para notar que essa série é importantíssima mesmo para serem exibidas não só na TV, como está programada, mas sim nas escolas, centros comunitários e universidades de todo o país. É a nossa Cultura e que precisa ser sempre preservada. Tânia Sozza e Fabio Flecha mostraram mais uma vez que é necessário manter memórias e lendas. Virão mais episódios, como Lobisomem, Corpo Seco, Mula Sem Cabeça, Caboclo D'Água, Neguinho do Pastoreio, Pai do Mato, Guaraí, Salamanca do Jarau, a Comadre Fulozinha, e também da história da Alamoa. Um trabalho realizado em 12 cidades brasileiras e com a participação de inúmeros artistas. Mais importante de tudo, uma produção sul-mato-grossense. Necessário sim os órgãos governamentais apoiarem sempre a Cultura, pois com certeza só benefício ela faz, pois a maioria das tradições populares, é sabidamente somente conservada por meio desse folclore. Sabe-se por "A" mais "B "que "a preservação da Cultura Popular se faz rica por agregar valores para as gerações". Amei e estou ansioso para assistir os outros 11 episódios restantes! Vale a pena !!!
COISA LINDA! MARAVILHA!