Todos sabem perfeitamente que os ritmos nas festas juninas ou “julinas” são o baião, xote, forró, reisado, samba de coco e as cantigas. Há também as músicas relacionadas de quadrilha que são tipicamente caipiras, mas com a viola, violão, sanfona, triângulo e a zabumba, mas nada que mude radicalmente esse estilo. Isso ocorre em praticamente em todo o país. A gastronomia também não foge do tradicional, como milho assado ou cozido, curau, pamonha, cuscuz, pipoca, maça do amor, paçoca, canjica, bolo de milho, quentão, cachorro-quente, etc. Mas o que ainda não dá para entender em Campo Grande especificamente é essa mudança radical de uma tradição. Musicalmente não se ouve o som tradicional dessa festa tão tipicamente brasileira e interiorana. De uns anos para cá, a famigerada música “sertaneja” tomou todo o espaço e músicos que fazem o som nordestino na capital sul-mato-grossense não são contratados para animar essa grande festa. Aí vão dizer: “mas Mato Grosso do Sul reina o sertanejo e por isso ocorre”. Um pensamento pequeno para um lugar aonde acolhe pessoas de diversos estados do Brasil. Para se ter uma ideia, 10% da população residente na veio do nordeste. Por que então o órgão responsável em organizar essa festa popular, a Sectur – Secretaria de Cultura e Turismo deixa artistas que trabalham com a bela música nordestina de fora? Difícil entender. Isso porque o secretário atual sempre está atendo e faz um grande trabalho para a cultura da Capital, no entanto esse problema persiste. Acredito que todos merecem mostrar sua arte, no entanto concentrar um ritmo só, no caso o sertanejo nessa festa, é falta de visão cultural por parte de algumas pessoas. Não é porque o sertanejo, ou dito “universitário” está pelas vielas que é obrigação “abrigar” esse ritmo em todos os eventos, sejam na festa junina, natal, aniversário da cidade e até mesmo carnaval. Sejamos mais coerente ! A cultura da festa junina apesar de ter nascida com a influência africana e indígena transformou em manifestação popular, principalmente no nordeste do Brasil, onde o sentido é da celebração aos santos e que tem uma importância quase vital para a população. Exemplo dado é Corumbá que sempre exaltou essa festa como deve ser: música genuinamente nordestina, banho do santo e também espaço para outros ritmos. Uma festa popular não pode ser concentrada em apenas um som. Que os organizadores em Campo Grande repensem mais quando promoverem seus eventos!
Alex Fraga
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