Censura é a desaprovação e consequente remoção da circulação pública de informação, visando à proteção dos interesses de um estado, organização ou indivíduo, Ela consiste em toda e qualquer tentativa de suprimir a circulação de informações, opiniões ou expressões artísticas. Pois é, valendo desse cenário escrito, o que se pode ver e sentir ontem (domingo), no palco da “Cidade do Natal” em Campo Grande (MS) onde são realizadas as apresentações musicais, foi justamente isso quando da apresentação da banda campo-grandense Souldbrad. A noite era o retorno dela que antes de tudo tem um ideal: cantar e mostrar principalmente a luta dos excluídos, dos mais pobres, daqueles que moram em favelas e que não têm o que comer, além de lutar com o preconceito da sociedade. Os meninos da Souldbrad estavam felizes antes da apresentação, pois prepararam 18 canções para um show que teria uma duração de 1 hora e 15 minutos (conforme contrato assinado). O show intitulado “[R}ESISTÊNCIA” tinha como foco um repertório crítico de resistência da cultura completamente ao avesso de certas temáticas implantadas. No espetáculo seriam exibidas imagens, fazendo uma retrospectiva das tragédias que ficaram impunes, como os casos de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais, Marielle no Rio de Janeiro e Mestre Môa na Bahia, além das atrocidades como os povos indígenas, principalmente em Mato Grosso do Sul e problemas habitacionais em Campo Grande, como retirada de moradores em favelas. Os erros dos promotores do evento já iniciaram um dia antes, pois a Souldbrad iria tocar das 21 horas até no máximo 22 horas e 15 minutos, encerrando assim a programação. No entanto, só no dia foram avisados que havia uma mudança de horário na programação para às 20 horas e também o tempo de apresentação reduzido para 1 hora. Com isso a banda teve que cortar duas canções, inclusive uma releitura de Geraldo Vandré, a conhecida “Pra não dizer que falei das flores”. Mas ela entrou no palco com o pensamento de mostrar essa temática de um povo que acredita em uma luta unida. Tocaram assim, O Rapa e mais umas releituras e canções autorais. Ao fundo, um painel onde mostravam diversas situações críticas e imagens do centro do poder em Brasília (quando foi tocada a canção Favelaria). Outra imagem colocada foi sobre despejos em favelas e uma delas era justamente de Campo Grande, onde os moradores reclamaram que foram tirados de uma favela e jogados em outra. Logo após isso, os promotores simplesmente ordenaram a banda parar de tocar. Nando Dutra ficou extremamente chateado e disse que era uma falta de respeito pois tinham preparado um show e na metade dele simplesmente mandaram sair do palco. Antes mesmo antes da apresentação da banda já havia sido “roubada” a fonte de energia (régua) de 24 canais, onde ligava o noteboock, teclados, pedaleira da guitarra, entre outros. Assim, a alegação para o término repentino do show era porque o prefeito estava chegando com o pessoal da “Carreata de Natal”. Com isso, tiraram os músicos do palco e entrou um cara travestido de “palhaço” tentando animar as pessoas sem qualquer roteiro básico e extremamente sem graça, falando com erros de português absurdos, um linguajar tosco. O fato é que o prefeito só foi aparecer após uns 35 minutos do fato ocorrido, o que daria tranquilamente para a banda encerrar seu show. Vale ressaltar é que tiveram várias apresentações, até mesmo um show com uma banda gospel e nada foi interrompido. O prefeito Marquinhos Trad por sua vez não é o culpado dessa “bagunça” e principalmente da censura feita. Os promotores sim. Esses mostraram mais uma vez amadorismo e falta de respeito com os artistas. Até parece que está virando uma rotina isso. Já está mais do que na hora de colocar profissionais competentes para que possam trabalhar com seriedade a cultura local. Fica a pergunta: “Será que se fossem artistas de renome nacional iriam interromper o show devido a chegada do prefeito?”. Triste também é saber que um músico que foi contratado pela banda como “freelancer”
para esse show querer colocar “panos mornos” na tentativa abafar o caso, falando em rede social em nome da Souldbra sem permissão. Algo ridículo e lamentável. O caso de ontem foi um vexame e demonstrou total despreparo dos tais “organizadores”. Respeitem nossos artistas!
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