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Música - Brô MC's lança álbum "Retomada"

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 8 de ago.
  • 5 min de leitura
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*** Rodrigo Teixeira*** - - -


Grupo de rap indígena de Mato Grosso do Sul lança álbum dentro da Coleção SOM NATIVO, projeto do Instituto Alok com objetivo de fortalecer a preservação das línguas originárias e evidenciar riqueza musical


O Brô Mc’s dá mais um passo importante para consolidar-se como a voz indígena do transfronteiriço território guaranítico na América do Sul. Com produção do Instituto Alok, “Retomada” é o novo álbum do grupo guarani e kaiowá pioneiro em inserir o rap indígena no panorama da música brasileira. O álbum do Brô Mc’s faz parte da Coleção SOM NATIVO, composta por sete álbuns inéditos de diferentes etnias brasileiras que se somam ao já lançado “O Futuro é Ancestral”, do DJ Alok. Os trabalhos chegam às plataformas de streaming no dia 9 de agosto, celebrando o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Fundado em 2009, o Brô Mc’s é formado pela dupla de irmãos Bruno Veron e Clemerson Veron / Charlie Peixoto e Kelvin Peixoto. “Nosso álbum é a nossa voz, nossa palavra, escutem a nossa origem, escutem a nossa canção”, afirma Clemerson.


Os artistas vivem nas aldeias Jaguapiru e Bororó, localizadas na reserva indígena de Dourados (MS), que abriga cerca de 20 mil habitantes dos povos Terena, Guarani e Kaiowá, maior quantidade populacional indígena por metro quadrado no país. Para comemorar o lançamento do seu primeiro álbum profissional, os integrantes do Brô Mc’s irão realizar no sábado (09), no ponto de cultura Hip Hop AYVÚ Records, sede do grupo na aldeia Jaguapiru, um dia de confraternização com ações culturais, como campeonato de futebol, batalha de rima e atividades para as crianças.  


Mais do que uma novidade na música brasileira, o Brô Mc’s também tornou-se um exemplo mundial ao ser um dos primeiros grupos de rap indígena a cantar em sua própria língua nativa, o guarani. O idioma é falado no Paraguai, Brasil e Argentina, conectando um território que reúne uma população de mais de 30 milhões de pessoas, transformando o Brô Mc’s em um representante de toda esta região. O grupo já passou por vários palcos do mundo, sendo os primeiros indígenas a tocar no Rock in Rio e a primeira vez em 25 anos da história do Grammy que um grupo indígena não só foi indicado, como tocou na noite de gala do prêmio internacional, algo inédito na história da música.


O álbum “Retomada” traz um repertório autoral com 9 faixas: “Orereko”, “Cemitério”, “Nda Peikuaai”, “Pehendu Hagua”, “Ndo Alei Peti”, “Retomada”, “Eju Mokoi”, “Drill GK” e “Até o Fim”. As letras seguem denunciando a pressão de vários setores da sociedade brasileira e do agronegócio sobre as terras indígenas. Como a própria faixa que batiza o álbum indica, o álbum é uma fotografia da realidade vivida diariamente pelos artistas do Brô e toda a comunidade das aldeias Jaguapiru e Bororó, cercadas por fazendas do agronegócio. “Retomada” é um grito de resistência, mas acima de tudo de incentivo para a juventude indígena do Brasil.


INSTITUTO ALOK - O objetivo do Instituto Alok é contribuir para amplificar as vozes indígenas, fortalecer a preservação das línguas e culturas originárias. Com o lançamento dos sete álbuns, se dá continuidade ao objetivo de contribuir para a inserção artística indígena na sociedade e indústria fonográfica - algo iniciado em “O Futuro é Ancestral” que recebeu indicação ao Grammy Latino e que se confirma com a participação do grupo Brô Mc’s no festival The Town que acontece em setembro, em São Paulo.


As gravações mantêm os arranjos autorais, ou seja, sem interferência criativa ou técnica por parte de Alok. “Não participo como produtor musical nesses álbuns, são para o público desfrutar das tonalidades originais desses artistas incríveis. Meu desejo é que possamos gravar novos álbuns no futuro. Há uma fabulosa riqueza musical entre as centenas de etnias indígenas que habitam o Brasil”, diz Alok.


A maioria das faixas foi gravada em idioma nativo. As letras entoadas pelos Guaranis Kaiowás (MS), Kariri Xocós (AL), Huni Kuins (AC), Yawanawas (AC), Guaranis Mbyás (SP), Kaingangs e Guaranis Nhandewas (PR) desenham um mapa sonoro e geográfico brasileiro que alerta o mundo sobre a conexão com a natureza, o cotidiano nas aldeias e séculos de resiliência cultural. “Na nossa cultura, os mais sábios ensinam as novas gerações. Os cânticos sagrados que tocam a alma das pessoas, falam da importância do respeito à natureza e ao meio ambiente”, diz Everton Lourenço da etnia Guarani Nhandewa. “Recebemos do criador o dom de cantar alto, assim como as onças e os pássaros. Nós povos amazônicos não temos escrita, então as músicas gravadas nesse álbum vem assegurar a continuidade de nossos conhecimentos e valorizar nossas tradições", completa o líder indígena Tashka Yawanawa.


A Coleção SOM NATIVO é uma contribuição do Instituto Alok à Década Internacional das Línguas Indígenas (2020 - 2030) em cooperação com a UNESCO e, uma vez que muitas das línguas estão ameaçadas de extinção, reconhece a música um fator essencial para a sua preservação. Juntos, o Instituto do artista brasileiro e a Unesco compartilham o desejo de explorar possibilidades para criar um vasto acervo com a música dos povos originários dos mais diversos continentes.


“A Coleção SOM NATIVO é uma expressão importante da força das culturas indígenas e da potência da música como instrumento de preservação linguística, memória ancestral e diálogo com o mundo. A UNESCO se orgulha de caminhar ao lado do Instituto Alok nessa iniciativa, que contribui de forma concreta para a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), ao mesmo tempo em que reforça o nosso compromisso com a diversidade cultural, com os direitos dos povos originários e com a construção de um futuro mais justo, igualitário e sustentável para todos”, pontua Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da UNESCO no Brasil.


COLEÇÃO SOM NATIVO - A Coleção SOM NATIVO é uma realização do Instituto Alok e artistas de 8 etnias em contribuição à Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), em cooperação com a UNESCO. Nas plataformas, ouça as músicas com as letras na língua original. As letras traduzidas estão no site www.institutoalok.org


Para acessar os álbuns nas plataformas, busque pelo nome da Coleção SOM NATIVO ou pelo nome do artista. Na bio do Instagram haverá um link direto para a Coleção. Toda a monetização é revertida para os artistas indígenas participantes.


Coleção SOM NATIVO


1. Hiri Shubu Keneya Bari Bay – Mapu Huni Kuin (Huni Kuin/AC)

2. Saiti Kayahu – Yawanawa Saiti Kaya (Yawanawa/AC)  

3. Cantos dos Encantos Kariri Xocó – Wyanã Kariri Xocó - Cantos Nativos (Kariri Xocó/AL)

4. Nhe'e Porã – Guarani Mbyá (Guarani Mbyá/SP)

5. Retomada – Brô Mc’s (Guarani Kaiowá/MS)

6. Kaingang e Guarani Nhandewa – Participação do movimento "Levante pela Terra" (Kaingang e Guarani Nhandewa/PR)

7. Kairau Vimiûû – Rasu Yawanawa (Yawanawa/AC)  


*** É jornalista



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