Com linguagem simples, obra aborda o afrofuturismo e incentiva o protagonismo negro na cultura e na moda
*** Raquel de Souza
Desde a escola, na maioria das vezes aprendemos história de uma visão eurocêntrica, que muitas vezes inferioriza ou simplesmente apaga as contribuições dos povos afro na moda, na música e na cultura em geral. Foi isso que motivou a designer de moda Carol Lee a escrever o livro “Moda, Estética e Comportamento do Afrofuturo”, no qual apresenta um pouco das potências e das contribuições dos negros na arte, na cultura, e especialmente na moda brasileira, que segundo ela é a arte que retrata o comportamento das sociedades. “Meu maior objetivo com a escrita deste livro foi dar ênfase ao recorte mais interessante, grandioso e inspirador da história e da cultura da minha ancestralidade, para que a parte da história mais inspiradora passe a ser valorizada e, portanto, reproduzida por todos os brasileiros, afrodescendentes ou não, intelectuais ou não, para que reproduzam o melhor da história por meio da arte que dominam”, resume Carol.
Afrofuturismo, abordado no livro, é um conceito criado nos anos 1990 pelo norte-americano Mark Derry, que defendia a inserção do indivíduo negro na literatura de ficção cientifica. Mais do que um gênero artístico, tornou-se um movimento cultural, estético, social e político, que se manifesta no campo da literatura, do cinema, da fotografia, da moda, da arte, da música e utiliza elementos da ficção científica e da fantasia para, a partir da perspectiva negra, criar narrativas de protagonismo negro, celebrando sua identidade, ancestralidade e história.
Um exemplo recente e muito conhecido é o filme “Pantera Negra”, lançado pela Marvel Studios em 2018. “No filme ‘Pantera Negra’, Wakanda é uma sociedade afrofuturista, tem todas as características do movimento: o indivíduo negro como protagonista da história, pertencente a todos os setores da sociedade, trajes inspirados na ancestralidade negra, tecnologia avançada, então aquela sociedade é um ótimo exemplo”, explica a autora.
O livro faz parte de um projeto mais amplo, que inclui também um site, Carol Society, uma marca de mesmo nome e um curso on-line, que abordam temas relacionados ao afrofuturo e à moda afrofuturista. Os termos ainda são pouco conhecidos, mas a autora tem o objetivo de explica-los em uma linguagem simples, que seja de fácil entendimento para todos. “Muitos escritores já contaram de meus ancestrais, e com excelência, porém em uma linguagem que restringe o entendimento a poucos. Meu objetivo é escrever e ser entendida pela maioria dos brasileiros, estudantes de moda, de arte, de história e todos que possam reproduzir de alguma forma o que foi lido neste livro”, afirma.
Para Carol, o afrofuturo consiste em olhar para trás, se inspirar na estética de seus ancestrais e ressignificar para criar algo para o futuro. “A visão eurocentrista trata tudo alheio como inferior, o afrocentrismo não se coloca como superior, e sim como igual” completa a autora.
Serviço: O livro “Moda, Estética e Comportamento do Afrofuturo” está disponível on-line, no site da Life Editora, com frete grátis para todo o Brasil: https://sacola.pagseguro.uol.com.br/46d1d08f-d520-49fa-81cf-ff3aae69a0f2, e também na Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/6558871416?ref=myi_title_
*** é jornalista
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