Uma terça-feira (25) especial para a literatura sul-mato-grossense. É que às 19 horas, será lançado no Autocine da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em um sistema de Drive Thru, o livro “A Glória desta Morena”, tendo como curadora a escritora Sylvia Cesco e editado pela Life Editora. Uma homenagem mais do que merecida para Maria da Glória Sá Rosa (Professora Glorinha) que tanto contribuiu para a cultura do Estado.
Em entrevista exclusiva ao Blog do Alex Fraga, a escritora Sylvia Cesco disse como foi todo esse processo de construção dessa obra que com certeza será de grande importância para a cultura do Mato Grosso do Sul. Um trabalho que surgiu a ideia no final de 2018 e encerrando somente neste ano. Um processo delicado, com muita atenção e cuidado feito por Sylvia que tinha uma finidade especial com Glorinha, como mãe e filha ou irmã mais velha.
“Lembro que eu estava no Instituto Histórico Geográfico participando de um lançamento de um livro. Aí o Valter Jeronymo, que é o diretor presidente da Editora Life veio falar comigo, me dizendo que tinha nas mãos deles uns cinco a seis textos entre crônicas e contos inéditos da Glorinha que ela tinha deixado com ele antes de falecer. Ele lembrou da minha pessoa, pois sabia que a Glorinha que apesar que tinha muitos filhos culturais, eu sempre mantinha uma afinidade muito grande com ela. Sempre me via na casa dela. Nós participávamos sempre de eventos na Academia de Letras pois ela sempre chamava eu e o Walter. Assim ele sabia que eu e ela mantínhamos uma amizade bem afinada em relação a questão literária e cultural. Assim ele veio falar comigo como poderia dar mais viabilidade com esses textos. Conversamos, e ele me disse: “Você poderia chamar outros escritores e quem sabe sairia um livro, onde estariam inclusos esses textos da Glorinha”. Isso foi no final de 2018 e dezembro desse mesmo ano eu passei um email para 38 escritores”, disse.
Sylvia Cesco disse que antes disso, ela havia feito um pré-projeto explicando de um livro em homenagem a Glorinha, mas nunca foi adiante. “Talvez até porque talvez não procurei apoio de entidades e órgãos culturais. Mas aí nesse trabalho atual, repensamos e assim iniciamos o trabalho. Esses escritores convidados não seriam necessariamente os reconhecidos que estão dentro da Academia ou do Instituto Geográfico, ou dentro da União Brasileira de Escritores, onde sou a atual presidente. Mas que fossem escritores que não tinham uma visibilidade, não eram reconhecidos. Há no Mato Grosso do Sul muita gente boa que escreve, tem blog próprio. Eu segui no pé da letra o que ela dizia: “ a Literatura como toda a arte, permite a construção de um espaço de igualdade entre os homens”. Isso significa que não tem como você criar muros entre as pessoas que gostam de arte, que escrevem etc. Tipo assim: aqui dentro só entra os acadêmicos, aqui dentro só entram os associados, ou aqui dentro só entra os negros ou brancos. Não! A Literatura é algo que tem que percorrer a comunidade como um todo. Tanto que as pessoas estão estranhando e perguntando assim: “Nossa! Não sabia que tal poeta escrevia tão bem crônicas. Outros desavisados, questionam também o por que fulano ou fulana foi convidado (a) etc, etc. Como se escritor é algo como fosse uma benção divina que cai do céu e pronto, você é escritor e ninguém mais”.
Dos 38 escritores, responderam 28 afirmativamente. Outros não quiseram participar, e segundo Sylvia Cesco, talvez não acreditavam muito, mas não me compete a ela discutir essa questão tão delicada. O livro está dividido e três partes. A primeira com 28 autores convidados, a segunda ficou como a voz das instituições por onde a Glorinha passou como a UFMS, Instituto Histórico, FUCMT, Academia de Letras e Aliança Francesa. “Faz quatro anos da morte dela. Foram dois anos que passei recolhendo textos, convencendo pessoas, revisando, organizado, aparando arestas, e finalmente chegamos nesse livro. Eu estive com o editor Walter, conversando com o secretario da Sectur, o Max, e em 15 dias apoiou a ideia e levou para o prefeito que gostou também da ideia. E nesse encontro que fomos com o secretário ficou estabelecido esse sistema de lançamento em drive thru que o Walter Jeronymo já fez por três vezes. As pessoas não saem do carros e adquirem a obra, é rápido...será passado um vídeo sobre a Glorinha. Meu trabalho de dois anos foi coletar, revisar e falar com as pessoas. Foi um compromisso que fiz com a Glorinha, onde ela estiver, por tudo que ela fez por todos nos”.
Os convites e organização ficaram por conta da Sectur, Fundação de Cultura e Editora Live. Sylvia Cesco entrou como organizadora (curadora) do livro. “Vale ressaltar que algumas pessoas mandaram poesias e tive que explicar que fizemos um critério no gênero de como a Glorinha trabalhava, como artigo, conto, crônica. Poema não, pois a ela nunca se dedicou a esse gênero. O importante dizer, é que esse título foi eu que criei. Por ser esse titulo, as pessoas pensam que os textos falam sobre ela. Não é isso o propósito. Entrou dois apenas que até deixei. Meu objetivo maior era exatamente que aqueles escritores demonstrem o seu gênero literário, que façam espontaneamente um tema que eles desejavam. Tem gente que escreveu no meu face que deve ser um livro maravilhoso, pois a Glorinha tinha muitas histórias... não é isso. Cada qual escreveu sua ficção, sua crônica, do jeito como ele gostaria de escrever. A parte final tem os textos inéditos da Glorinha, que são poucos. O livro tem 256 páginas e será vendido a R$ 45 reais e a apresentação é feita por mim. As vendas são com a editora e não comigo. Quero ressaltar também a importância da Marília Leite no final do livro. Ela foi uma pessoa que deu uma grande força, Uma profissional maravilhosa e que fez também o trabalho movida pelo carinho e amor que ela tinha pela Glorinha”.
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