*** Fotos e Texto - Silvio de Andrade *** - - -
Envolvidas em importantes projetos de pesquisa relacionados à sustentabilidade e ecoturismo, direcionados a educação ambiental e acadêmico, com foco também na observação de aves e na qualidade de vida das comunidades tradicionais, as biólogas Simone Mamede e Maristela Benites conseguem um tempo para (também) escrever livros. E rebuscando suas memórias de vida familiar e de trabalho, publicaram obras abordando a natureza para o público infantil.
Sócias no Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, com sede em Campo Grande, as escritoras tiveram participação de destaque na 7ª edição da Feira Literária de Bonito (Flib), realizada de 5 a 9 de julho na Capital do Ecoturismo. Na ocasião, lançaram publicações que são uma contribuição à formação de gerações comprometidas com o planeta, além do estímulo à leitura – algo cada fez mais distante em tempos de inteligência artificial.
Simone Mamede, 50, é uma grande incentivadora e amante de birdwatching, atividade socioambiental, cidadã cientista, ambientalista, educadora ambiental, fotógrafa, especialista em ecoturismo, com doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Maristela Benites, 45, é educadora ambiental, com mestrado em Ecologia e Conservação, pesquisadora em avifauna e uma das idealizadoras e coordenadoras dos cursos de formação de Condutores de Visitantes do Parque Nacional das Emas.
Realidade brasileira
Com uma visão crítica do mundo que queremos e precisamos para viver em harmonia e politicamente correto, Mamede escreveu “Alice no País do Fim do Mundo” durante o período (2012/2014) em que viveu em Tierra del Fuego, um arquipélago situado em Ushuaia, na Argentina, que faz fronteira com o Chile através da Cordilheira dos Andes. A obra leva o leitor a passear através de um mundo extraordinário e mágico no fim do mundo, sob o olhar criativo e enorme imaginação.
Explorando as questões ambientais e sociais envolvendo personagens e inquietudes que encontrou no caminho, de uma forma lúdica, a autora conta uma história que leva o adulto e a criança a mergulhar nas profundezas do ser, no "meio ambiente interno”, como Alice, e inevitavelmente nos leva a pensar se verdadeiramente “estamos na e com a natureza”. Questões ambientais e globais, que tem muito a ver com o Brasil, vêm à tona até o “despertar” de Alice.
“Já me comprometi com os amigos e vou continuar a história trazendo Alice para o período conturbado no âmbito político e sustentável do Brasil, de 2019 a 2021”, anuncia Simone Mamede, que começou a escrever suas poesias e contos a partir da leitura, aos 5 anos de idade, de Memórias de um Cabo de Vassoura, de Orígenes Lessa, hoje em sua 51ª edição. Ela também escreveu os livros infantis “Uma Odisseia no Intestino Grosso” e “A Revolta da Caixa de Sabão em Pó”.
Saberes fronteiriços
Seguindo a abordagem construtiva da educação ambiental, sua colega Maristela Benites se aprofunda nas entranhas do bioma Pantanal e nos ensinamentos que cultivou com as observações e relatos de vida contadas por Matilde, sua mãe, e a bagagem histórica das fronteiras do Brasil com o Paraguai e Argentina. Durante a Flib, ela lançou três livros, cujas histórias trazem muito da realidade social e ambiental de Mato Grosso do Sul.
“São retratos das fronteiras, da nossa grande biodiversidade, associados às questões culturais”, resume Maristela. “A gente faz a celebração sociobiologia do Brasil e do nosso Estado, trazendo histórias reais, os nossos bichos, nossas plantas e das gentes, um retrato brasileiro”, completa. “Se percebe que ainda faltam livros que retratem a nossa biodiversidade, o manual didático que hoje é referência do professor na sala de aula ainda deixa a desejar nessa questão.” Um dos livros, “Luzia e o Urutau” narra o fascínio da personagem ao encontrar a bela ave de hábitos noturnos, despertando-a para um novo mundo onde a mágica da vida acontece na natureza da escuridão da noite. Em “Quira, a Corujinha da Sorte”, a história faz referência a uma família de corujas residente no espaço verde de uma escola no Cerrado, na fronteira. “De Quem era o Bercinho em Camalote no Rio Paraguai” propõe a ressignificação do Natal com base na história natural de pequeno pássaro que vive nas margens do Rio Paraguai.
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