A partir desta sexta-feira (14) acontece no MASP – Museu de Artes de São Paulo a abertura da exposição “Bugres: Tudo é da natureza do mundo”, sobre os trabalhos de uma das mais importantes representantes das artes do Mato Grosso do Sul, Conceição dos Bugres. Ela ficará até o dia 30 de janeiro de 2022, sendo a curadoria de Fernando Oliva (curador) e Amanda Carneiro, curadora assistente, todos os dois trabalham para o museu paulista.
Conceição Freitas da Silva nasceu em Povinho de Santiago, Rio Grande do Sul, 1914 e faleceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul em 1984. Ela foi uma artista singular para a história da escultura no Brasil, reconhecida por sua produção dos chamados “bugres”, trabalhos comumente esculpidos em madeira e cobertos por cera de abelha ou parafina e tinta, mas que também podem ser realizados em pedra sabão ou arenito. Suas peças figuram personagens de tipo característico fundamentados na repetição do uso dos materiais e formas e na especificidade de seus traços.
Apesar de apresentarem um padrão que as define, as esculturas de Conceição dos Bugres têm subconjuntos variados e são dotadas de fortes e singulares personalidades, distinguíveis em relação a sutis e apuradas modificações na forma, mas também à expressão, das mais graves às mais serenas, revelando a excelência da artista. Conceição dos Bugres tornou-se conhecida nos anos 1970. Roberto Pontual (1939-1994) foi um de seus principais “publicizadores” — ecoando o papel de divulgação iniciado por Humberto Espíndola e Aline Figueiredo. A artista recebeu reconhecimento pelo seu trabalho ainda em vida, aos mais de 50 anos, tendo participado da exposição Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois (Galeria da Collectio, 1972), curada por Roberto Pontual, no Rio de Janeiro, e da III Bienal Nacional (1974), em São Paulo. Entretanto, essa visibilidade nunca se converteu em ganhos materiais — Conceição Freitas da Silva faleceu pobre, em 1984.
Atualmente, o trabalho da artista se encontra na coleção do Museu Afro Brasil e do Itaú Cultural, além de constar em importantes coleções privadas brasileiras. Após a morte de Conceição Freitas da Silva, seu trabalho foi continuado pelo marido Abílio Freitas da Silva e, ainda hoje, seu neto, Mariano Antunes Cabral Silva, segue produzindo os “bugres”. Hoje ela é artista emblemática do Mato Grosso do Sul, tendo sua imagem vinculada à produção artística do estado. No MASP, a exposição de Conceição dos Bugres estará em diálogo com nomes importantes da escultura no cenário de arte brasileira, como Erika Verzutti e Maria Martins.
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