Um dos grande nomes do samba do Mato Grosso do Sul. Anilton Lúcio Cordeiro, artisticamente conhecido como Niltinho Marron (sim com N). De Três Lagoas (MS) e passou por vários grupos de pagode e fez história com o Grupo Zuera. Em entrevista ao Blog do Alex Fraga ele fala sobre o samba antigo e a nova geração. Também diz sobre os planos para o próximo ano e toda sua vontade de até mesmo em montar um grupo que faça o samba mais autêntio em Mato Grosso do Sul.
Blog do Alex Fraga - Como o samba chegou em sua vida. Conta como começou tudo em sua carreira musical?
Niltinho Morron - Eu iniciei minha carreira musical em um Instituto Marcial em Três Lagoas(MS). Tocava lira e piston. Era fanático por Luis Armstrong, funk americano e a cultura black. Mas o samba era fora dali...em botecos onde meu saudoso irmão Curió me levava. Isso nos meados de 1980/84. Em 1985, vim pra Campo Grande trabalhar com meu outro mano, Toninho, com ouro e confecções de jóias. Não fui bem sucedido, por problemas cognitivos (risos). Daí no final de 1986 fui na casa noturna Samba Rio e vi a apreentação do Mel na Boca, um grupo de samba campo-grandense com ideologias cariocas. Já havia assistido no programa Fantástico da Globo, uma reportagem do Zeca Pagodinho, sobre o fenômeno do pagode nos morros e favelas. Almir Guineto, Fundo de Quintal, Jovelina, entre outros. Foram meus despertadores! Mas não era ritmista. Depois conheci o grupo Nossa Cor, no então Carioca's Bar, do saudoso Wilson, craque de futebol do Operário e o seu sócio Edmar. Ali, conheci o sambista Tim Maia, do Bairro Jockey Clube, que tinha música autoral. Isso também me despertou a arte de compor. Na realidade, aqueles encontros eram uma festa de roda de samba. Muitos a denominaram todo samba em roda como pagode. Isso com o passar dos anos intitularam como pagode e samba diferente, o que não condizia com a realidade da época. Por exemplo, eu sou do Beco da NOB de Três Lagoas, um local famoso por ser reduto de sambistas que tocavam já o pagode, mas com outros instrumentos. Nomes como Pé de Pato, Tonhão, Month, Taya, Gerê, meu maestro Vanderley no piston e trompete, enriqueciam a rua Manoel Pedro de Campos ainda arenosa. Muitos clássicos. Em Campo Grande, no ano de1990, formamos o Grupo Zuera e já fui compondo a minha primeira música, dando a cara ao grupo e a outros fora também que me respeitava. Gravamos o primeiro Lp em 1994. Dando uma reeleitura da música Papagaiada ...Sou fã do Grupo ACABA e demais músicas regionais. Mas durou pouco o grupo e cada um seguiu seu rumo
Blog do Alex Fraga - Em Campo Grande você participou do auge dos grupos de samba que tocavam músicas autorais. O Zuera foi um deles. Por que hoje o pessoal não trabalha com o autoral?
Niltinho Marron - Não sei qual o motivo grupos deste movimento não se mostram mais. Digo que a coluna vertebral vinda deste movimento, que ao passar dos anos, vem sofrendo modulações na forma extrutural. Mas como sempre digo, se cada um cantasse sua música ou a do outro seria de uma generosidade ímpar. Mas não sei o que impede esse desbloqueio. Têm outras coisas envolvidas só pode. O Grupo Só Pra Descontrair teve o título na capa de seu trabalho uma música minha e outros compositores daqui. Mas ouve um certo distanciamento a seguir. Têm grupos novos que tema sua vibe e seu público. Fazem seu show particular. Vendem e fazem a sua organização. Tocam a sua música. Não tenho críticas a este projeto. Em MS o seguimento fundo de quintal foi descaracterizado, mas ainda dá uma boa visualização e valorização também.
Blog do Alex Fraga - Para você, atualmente quais grupos que fazem um trabalho de qualidade no samba em Mato Grosso do Sul ?
Niltinho Marron - Tenho vários parceiros que seguem agora carreira solo. Cristiano Negão, Dahran Jr. Grupos que tenho uma admiraçao? Mistura de Raça e Pegada de Macaco, que tentam manter o seguimento. Eles não acabarão, pois vieram do popular, sem qualquer pretensão e com uma verdade vicinal. Claro que respeito a todos. Cada um tem a sua visão.
Blog do Alex Fraga - Por que Niltinho Marron com "N" no finaú? Como surgiu a ideia de imitar uma das divas do samba, Alcione..
Niltinho Maron - Eu tenho e tive problemas com meu nome verdadeiro: Anilton Lúcio Cordeiro COM N, de navio no final. O "Marron" no final é de NILTINHO no início que por vezes fui erroneamento escrito ou falado (risos). A Marrom com M entrou na minha vida despropositadamente. Em 1990, num show do Zeca Pagodinho...(olha o nome?), tocamos num local reverbarizado e cantei uma faixa sem me ouvir onde tinha a Alcione como participação e foi gravado. Daí como eu já tinha tocado o trompete, fui ouvi-la. Quando entrei na Banda Lilás, em 2000, fui exposto e caracterizado a esta diva nacional. No começo não me agradava, mas depois fui me aceitando. Cada um tem o seu cantor que você mais se aprimora ou gosta. No meu caso era o Luiz Melodia (risos) e não a diva Alcione.
Blog do Alex Fraga - Nesse tempo de pandemia o que fez musicalmente? Tem algum plano para o próximo ano, como show ou lançamento de single?
Niltinho Marron - Nessa pandemia eu fiz umas lives com as meninas do Sampri... Maravilhosas. Elas têm uma carreira invejável. Uma sintonia e sincronia imensurável Não as citei antes pois pra mim elas têm o seu próprio segmento. Sua escrita registrada. Fiz uma live com os amigos do Zuera também e uma de músicas autorais, produzida pelo meu amigo Maringa Borgert, que tem um estilo regional e autoral. Eu me dou bem e curto os opostos gostos musicais. Como cantor de banda me fez admirar e me aventurar por outros estilos. Gostaria de me dar e continuar com este projeto. Voltar a compor. Se mostrar mais. Aprendendo sempre! O pagode na sua essência: formação com banjo, cavaco, violão, repique de mão, pandeiro e tantan. Eu no repique de mão como o grande e saudoso Mestre Ubirany (Fundo de Quintal). Depois dos 40 aprendi violão e cavaquinho. Faço solo. Aprendendo a desafiar-me todos os dias. Há, tem um grupo de Três Lagoas que curto bastante. Nesse pagode moderno atual: Karaca Muleque, dos meus nobres Vinicius, Arnaldo. Fabinho e Vidrinho.
Blog do Alex Fraga - Sinto muitas vezes que os grupos de pagode e samba não são tanto unidos. Parece cada um para si. O que ocorre na sua opinião?
Niltinho Marron - Posso dizer como ouvi o grande cantor, compositor e dirigente de carnaval do Rio de Janeiro, Pedro de Abreu Maciel, mais conhecido como Pedrinho da Flor sobre o movimento dos grupos no Rio. Acho que aqui necessita uma Beth Carvalho da vida, que na época da explosão do fenômeno pagode reuniu todos os bambas do samba em sua casa de deu uma lição de humildade. Ou seja, tem que ter união para que todos possam vencer e ter seu espaço e não competir entre si.
Parabéns meu grande amigo pelo seu trabalho, sou seu fã. Sucesso sempre.
é muito bom ouvir a verdadeira historia do Samba, Parabéns Niltinho, felicidades.🎼
Parabéns GRANDE NILTINHO, dono de uma História muito rica e de uma presença SEMPRE MARCANTE em todos os trabalhos que executa, sou seu fã , continue nos dando alegrias e oportunidades de sempre que possível , termos o imenso prazer de acompanhá-lo por esses eventos ABENÇOADOS ...