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Entrevista - Fernando Dagata:"O douradense não conhece seus artistas"

Foto do escritor: Alex FragaAlex Fraga

Ele é professor, pesquisador em História, músico, cantor e compositor, Fernando Castro Além, mais conhecido como Dagata, é o entrevistado desta quarta-feira no Blog do Alex Fraga. Um artista de Dourados (MS) que sempre lutou pela cultura do município, fala sobre as dificuldades enfrentadas e novos projetos culturais para o próximo ano. Um músico que valoriza o trabalho autoral, algo que cada vez raro no cenário sul-mato-grossense.

Blog do Alex Fraga - Você é fundador de uma das bandas de pop rock mais antigas do MS, a Dagata e os Aluízios, e uma das raras que faz um trabalho autoral. Por que as bandas do Estado em sua maioria persistem em tocar releituras de nacionais? Acredita que há uma limitação ?


Fernando Dagata - Sim, há uma limitação em trabalhar com canções autorais, pois o público, quando vai ao bar ou à casa de shows quer cantar e dançar as músicas de seus ídolos favoritos. Há pouca divulgação de canções autorais nas rádios locais, com exceção dos artistas da música sertaneja. As nossas canções autorais ficam restritas ao público que realmente gosta do nosso som e acompanha o nosso trabalho. Assim, o próprio compositor fica restrito a esse circuito, e não há incentivo pra divulgação de seu trabalho. A questão é cultural mesmo. Lembrando que estamos no Mato Grosso do Sul, Estado de cultura muito diversa, porém o que aparece é aquilo que está no imaginário, inclusive local, a música sertaneja. Blog do Alex Fraga - Dourados é a segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul e tem um potencial cultural muito grande. Por que ela não é incluída nos grandes eventos culturais promovido pelo governo do Estado? Acha que sempre ocorreu guerra política e isso sempre atrapalhou?


Fernando Dagata - Pois é, estamos lutando pra mudar isso com o Festival de Todos Os Povos, projeto apresentado por nós no FIC e aprovado. Será um festival de artes integradas, e pretende começar pequeno e ir ganhando força com o passar do tempo, até entrar para o calendário cultural de Dourados e do Mato Grosso do Sul. Já houve festivais nesse sentido, que tiveram destaque, mas se perderam no tempo, como o maravilhoso Show da Paz. A sua pergunta já é uma resposta. De fato, com a força da cultura douradense, sua criatividade nos mais diversos gêneros artísticos, não é possível que continuemos escondidos, sem o próprio douradense conhecer seus artistas. Uma maior descentralização das ações da Fundação de Cultura do MS é urgente.

Blog do Alex Fraga - Finalmente foi aprovado pelo FIC o Festival de Todos os Povos que será realizado em Dourados. Me conte sobre esse trabalho e quais os artistas participarão ?

Fernando Dagata - Como citei acima, trata-se de um Festival de Artes Integradas, aprovado no FIC (Fundo de Investimentos Culturais do MS), envolvendo música, teatro, dança, artesanato, literatura e gastronomia. Serão três dias de Festival, em que apresentaremos, na Praça Antônio João, os artistas douradenses e seus trabalhos autorais à nossa população. O douradense não conhece seus artistas, a força da nossa arte, e o Festival de Todos Os Povos está vindo pra mudar isso. Por isso pensamos em dar prioridade aos artistas locais que tem um trabalho autoral consolidado. Pensamos, além dos artistas, numa equipe de profissionais da arte experiente, que pode dar seu melhor pra gente fazer um belo festival e colocar Dourados definitivamente no calendário cultural do MS. Sou um apaixonado pela arte douradense e do nosso estado. Blog do Alex Fraga - De bate e pronto: o que acha do trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de Dourados? Não sabemos praticamente nada de eventos culturais promovidos por ela... Existe ou é falta de divulgação?

Fernando Dagata - Sim, existe. Acredito que o secretário Kinho e sua equipe tem lutado de forma muito digna com as armas que tem. Aos poucos, pode retornar com o FIP (Fundo de Investimentos Culturais da Prefeitura de Dourados), tem sido parceiro do Conselho Municipal de Cultura e do Fórum Municipal de Cultura em ações importantes pra alavancar a nossa cultura, como a criação do Sistema Municipal de Cultura. Há um diálogo com a classe artística, isso não há como negar, o que havia desaparecido em gestões anteriores. Apresentamos o Festival de Todos Os Povos ao secretário e à equipe, e foram muito solícitos em dar apoio ao nosso projeto. O próprio prefeito Alan Guedes abraçou a ideia do Festival. Claro, os recursos são escassos, muitas vezes pela própria mentalidade equivocada em pensar a cultura como algo acessório. Acredito que a secretaria pode melhorar se pôr em prática uma equipe de gestão de projetos, que capte recursos pra cultura junto a instituições públicas e privadas, nos editais e premiações. Isso é vitrine para o município. A economia criativa gera muito emprego, e trás um visão positiva sobre a cidade. Blog do Alex Fraga - Tem algum projeto novo em pauta com a Dagata e os Aluízios, ou mesmo com trabalho solo?

Fernando Dagata - Dagata & Os Aluízios está hibernando. Eu, junto com o guitarrista Simão Gandhy e o baterista Marquinhos Correia, montamos o Pé Vermeio, pra não deixar a peteca cair, e o rock não pode parar. Temos feito bastante shows com o Pé Vermeio, incorporando muitas canções autorais do Dagata & Os Aluízios, além de minhas canções solo. Incorporamos agora o Cláudio Roos, baixista do Dagata & Os Aluízios, no Pé Vermeio. Ainda não dá pra prometer nada, só o tesão pela música, pelo rock, e as coisas vão fluindo naturalmente. Blog do Alex Fraga - Cite três artistas ou bandas do Mato Grosso do Sul que gostaria dividir no palco, seja de qualquer gênero musical.

Fernando Dagata - Curti muito os Surfistas de Trem, de Ponta Porã, acho que dá pra no futuro fazer algo com o Joe. Sou muito fã do Magno Abreu. Nossa, é tanta gente boa. A SoulRá é maravilhosa. Paro por aqui, se não não vou consegui parar de citar artistas do nosso estado.




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