Músico, cantor, compositor, produtor e um dos principais artistas do Mato Grosso do Sul, Béko Santanegra em entrevista ao Blog do Alex Fraga desta quarta-feira sobre política cultural em Campo Grande e no Estado entre outros assuntos da área. Ele é presidente do Simatec - Sindicato dos Músicos, Autores e Técnicos de Mato Grosso do Sul. Tem planos de fazer um show autoral ainda este ano.

Blog do Alex Fraga - Como artista, Béko Santanegra, como enxerga o trabalho de política cultural do governo e município?
Béko Santanegra - A política cultural, no Estado e no Município, está aquém das expectativas do mercado. O protagonismo paternalista tem sido regra padrão das instituições culturais. Temos sugerido aos mandatários do executivo que adotem uma postura de incentivo em detrimento a essa regra: É importante que as instituições Públicas Culturais abandonem o papel de produtora ou promotora de eventos e assumam a responsabilidade de: APOIAR as manifestações culturais, disponibilizando logística e equipamentos e priorizando projetos que estimulem a produção etc.; FOMENTAR pesquisas, projetos de formação profissional, oficinas e cursos técnicos para o setor; e INCENTIVAR mercado, produção, produtores, promotores, novos talentos, linhas de crédito e captação de patrocínios.
Blog do Alex Fraga - O Simatec/MS fez um grande trabalho em ajudar os músicos na pandemia. O que vocês puderam tirar de experiência?
Béko Santanegra - O que ficou de lição para todos nós é que temos que ter consciência coletiva e buscar, por meio da política, representatividade nos legislativos para organizar e aprovar leis que protejam os trabalhadores do setor.
Blog do Alex Fraga - Muito se discute o comportamento do Ecad no Estado. Qual sua opinião sobre a entidade. Na pandemia esse órgão procurou para ajudar o Simatec?
Béko Santanegra - O papel do ECAD é proteger e cobrar os direitos da propriedade intelectual. Nesse sentido, o órgão ajudaria se executasse, com transparência, as funções a que se propõe, contudo... Quanto à pandemia, o órgão poderia ter ajudado por questões humanitárias.
Blog do Alex Fraga - O que o músico Béko Santanegra tem de novidade neste pós-pandemia? Algum trabalho novo. Show?
Béko Santanegra - Estamos tentando lançar um show autoral. Na verdade, tentamos entrar no FIC para viabilizá-lo, uma vez que os custos financeiros para essa empreitada é bastante alto. Não foi possível!
Blog do Alex Fraga - Por que os músicos no MS ficam dependendo dos tais editais governamentais e não procuram outros meios para realizarem seus shows? Acha comodismo ou não?
Béko Santanegra - Não vejo como comodismo, nem dependência, pois é obrigação do Estado oportunizar esse tipo de financiamento. A verba utilizada já está prevista no orçamento. Entretanto, a visão paternalista do Estado distorce os valores da arte e inviabiliza a competição no mercado. Desse modo, os que têm condições e padrinhos nas Instituições recorrem a esse expediente e os demais produtores ou agentes culturais ficam fora do processo.
Blog do Alex Fraga - Existe uma exploração por bares e restaurantes com relação ao cachê pago ao músico? Pelo que se sabe em vários locais não é repassado o couvert artístico. Como resolver isso?
Béko Santanegra - Aqui, vale fazer um mea-culpa: somos os culpados por esta situação vergonhosa e indigna. O couvert artístico, instituído por lei, foi criado para ajudar o contratante com o pagamento do cachê do músico contratado. O que temos vivenciado é o contratante embolsar o valor e sonegar, tanto para o fisco como para o músico. A regra é: paga-se o cachê combinado em contrato mais o valor restante do couvert, caso este ultrapasse o valor do contrato. Jamais o contratante pode ficar com o couvert, uma vez que está sendo pago pelos espectadores, que, por sua vez, estão sendo enganados pelo contratante. Para evitar esse abuso, o município e o Estado têm que promulgar leis referentes à cobrança do couvert que protejam tanto o artista quanto o consumidor.
Bela