Fotos: Valentim Manieri
Um artista ímpar, atencioso e um ser humano de uma simplicidade inquestionável. Um dos grandes representantes da música regional brasileira: Almir Eduardo Melke Sater - mais conhecido como Almir Sater, do signo de escorpião, 66 anos, é o entrevistado desta quarta-feira no Blog do Alex Fraga. Gravou seu primeiro disco solo, "Estradeiro", em 1981 e de lá para cá cresceu e se tornou a grande referência musical com seu estilo que caracteriza-se pelo experimentalismo, agregando uma sonoridade tipicamente caipira da viola de 10 cordas. Suas influências da nossa cultura da fronteira brilham em seus shows. Ele fala de seu novo show, perda do grande apresentador Rolando Boldrin, entre outros assuntos específicos como seu primeiro álbum digital "Do amanhã nada sei", ao blog de sua brilhante carreira musical.
Blog do Alex Fraga - A passagem para outro plano superior do apresentador, músico e ator Rolando Boldrin deixou todos tristes, principalmente daqueles que o conheciam de perto e como você...
Almir Sater - Sempre quando uma pessoa da relevância dele, parte, é um impacto muito grande para todos. Ele foi uma pessoa muito importante para todos nós que gostamos da música regional. Um cara que abriu o espaço para todos. Estive por várias vezes em seus programas e era uma pessoa muito generoja e muito boa mesmo. No entanto, eu digo que Rolando Boldrin viveu muito bem e aproveitou seus 86 anos. Com certeza ele está em um bom lugar.
Blog do Alex Fraga - O novo show e disco "Do amanhã nada sei" têm oito canções com Paulinho Simões...
Almir Sater - Exatamente, são 8 músicas com Paulo Simões das 10 do álbum. Posso dizer que eu já havia terminado todo o estoque com o outro meu parceiro, o Renato Teixeira. Mas, mesmo assim tem uma canção com ele e uma outra com o Luiz Carlos Sá, que forma a dupla Sá e Guarabyra, e que me deu uma alegria muito grande essa parceria. Esse novo disco eu comecei a pensar no meio da pandemia. No entanto, algumas das canções já tinha e gradativamente chegaram as outras. Um trabalho que gostei muito do resultado. Sobre esse show que estou rodando o país, toco músicas desse novo álbum e é claro as clássicas que não podem faltar, como por exemplo "Chalana", "Trem do Pantanal", "Tocando em Frente", "Um Violeiro Toca", "Mês de Maio", entre outras. Estou com um banda bem legal e com certeza estamos felizes com esse trabalho.
Blog do Alex Fraga - Falando em banda, você sempre está tocando com alguns músicos do Mato Grosso do Sul, existe alguma razão específica ?
Almir Sater - Eu sempre gostei de tocar com os músicos de Mato Grosso do Sul. É aquela coisa de identidade cultural mesmo. Um exemplo: quando você vai tocar uma guarânia, um chamamé, é só olhar um para o outro e as coisas vão fluindo. Assim sempre nas bandas que formo tem gente da nossa terra. Existe esse lado fronteiriço que temos e isso facilita muito mesmo. Nessa nova formação tem o violão do Guilherme Cruz que está comigo um bom tempo, o acordeon de Marcelus Anderson e o Marcelinho (Marcelo Ribeiro) no baixo.
Blog do Alex Fraga - É notório que você é um artista que se preocupa muito com a sonorização, inclusive dos instrumentos músicos que te acompanham. Por isso usa uma mesa de som ao seu lado?
Almir Sater - Sim, sempre me preocupei como está o som. É necessário isso, pois quero que esteja tudo certo aqui no palco, como também para que estará ouvindo. Não gosto de ficar falando ou mesmo apontando para o rapaz da mesa de som lá no fundo. Com uma mesa aqui do meu lado tudo facilita para mim, para os músicos que estão comigo e também até o cara que está lá no fundo em sua mesa de sonorização. Existe assim essa possibilidade do ajuste de volume e a própria intensidade de cada efeito sonoro.
Blog do Alex Fraga - Nestes anos que se passaram, o cenário das produções musicais mudou com o avanço da tecnologia e mídias digitais. Como você lidou e lida com isso, já que sempre gravou e discos vinil e CDs posteriormente...
Almir Sater - Alex, antigamente as coisas eram mais intensas. Você levava um tempo para fazer e posteriomente escolher as músicas que iriam compor no disco. Hoje as coisas são mais imediatistas. Eu por sempre quando lancei um virtual e posteriomente fui dar um disco para um amigo meu, ele me disse: "pô, não tenho onde tocar isso aí". É que não caiu a fixa. Hoje lanço sim um CD, porque é um prazer. Mas vou fazer sim, para colecionadores, pessoas que gostam e para atender nos shows. Até pensei que fazer um vinil, mas os custos são altos. Mas percebo que as pessoas hoje em dia as pessoas estão ouvindo as músicas pelo telefone (celular). Elas colocam o fone no ouvido e pronto. Mas, isso por outro lado também é muito bom, porque você percebe bem o som, a mixagem. É o melhor jeito mesmo de ouvir música é pelo fone mesmo, eu gosto muito. Esse disco novo para se ter uma ideia é o primeiro digital de minha carreira.
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