Fotos: Valentim Manieri

Para descrever o que foi a apresentação de Tetê Espindola e o maestro Eduardo Martinelli, na Casa.Quintal Manoel de Barros, na noite do último domingo, é só mesmo iniciar com um pequeno texto de Cecília Meireles: "Pus-me a cantar minha pena. Com uma palavra tão doce,de maneira tão serena, que até Deus pensou que fosse felicidade - e não pena". Uma noite repleta de artistas especiais estiveram presentes para sentir mais uma vez a volúpia de uma voz única com sua craviola e ao som do violoncelo e violão de um maestro. Momento de sintonia (calmaria e aquela sensação de estar sempre em paz). Um pouco antes, a perfomance de jovens artistas poetas da Cia.Aves Extraviadas recitaram um poema do poeta em formas alternadas por segundos. Jeito de Manoel presente com as palavras soltas ao ar. Tetê entrou no pequeno palco exuberante e começou soltar sua voz como uma ave pantaneira. Acompanhada pelo violoncelo do maestro Martinelli, Siriema, (instrumental com vocalizações), da própria Tetê. Seguiu com "Voz", composta por ela e seu parceiro Arnaldo Black, e posteriormente Super Lua, parceria com a saudosa poeta Marta Bastos Catunda. Vieram assim Paisagem Fluvial, dela e Arrigo Barnabé. O mais interessante nesta canção é que a voz da cantora se confude plenamente com o barulho das águas...uma sensação maravilhosa, como a própria letra se refere: No ritmo das águas/No ritmo dos peixes/No ritmo dos seixos rolando no rio/Ah! Correnteza leva meu corpo/Pra longe/Junto dos jungos do musgo verdinho. A música Balanço, também dela e Arnaldo Black foi nessa levada de ouvir o barulho das águas e vento. Na Chapada, outra dela com Carlos Rennó, do disco Gaiola (1985), uma das mais belas que ela canta, emocionou a todos. Com Elegante Alazão foi encerrando sua apresentação, marcando assim com Trem do Pantanal, de Geraldo Roca e Paulo Simões (presente no show) - (público cantou com ela) e Poema da Lesma, a parceria com o poeta Manoel de Barros. O biz foi com Chunhataiporã, (onde gravou no disco Piraretã em 1980), canção do mestre Geraldo Espíndola que também estava presente. Por fim, um show com a exuberança musical! Um detalhe interessante é que normalmente o público pede seu maior sucesso, Escrito nas Estrelas, e dessa vez não o fez e talvez até foi uma grande surpresa para a própria artista. Mas é que a estrela já estava ali faz tempo brilhando. Foi lindo !
Fotos: Valentim Manieri
Amei....