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Foto do escritorAlex Fraga

Crônica - Penedo, por João Francisco Santos da Silva



Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de crônica com o médico clínico geral, acupunturista e escritor de Campo Grande (MS), João Francisco Santos da Silva, com "Penedo".


Penedo e o pesto


Penedo é uma cidade linda. Quando fui lá pela primeira vez, fiquei fascinado com quantidade casarios antigos tão bem preservados. O pôr do sol às margens do São Francisco é algo único e indescritível. Gostei tanto de Penedo, que retornei mais outra vez, e se tiver oportunidade, quem sabe volto novamente. O pesto é uma das melhores criações dos italianos. Isso eu só descobri muito tempo depois que estive pela última vez em Penedo. E o que Penedo em Alagoas tem a ver com pesto? Especificamente para mim, Penedo representa o meu debute nessa iguaria chamada de pesto, ou molho pesto.

Na última vez que fui a Penedo ainda era uma pessoa totalmente ignorante em matéria de pesto. Lembro que numa noite, jantando em um restaurante local, o “Chef” brasileiro me repreendeu severamente por eu reclamar da comida servida fria. A história toda começou quando eu, com educação, pedi para o garçom aquecê-la um pouco mais. O meu prato era uma massa, nem me lembro mais qual, coberta com molho pesto. Logo depois que o garçom saiu com o prato para aquecê-lo na cozinha, chegou à minha mesa o “Chef” brasileiro. Foi então que eu percebi ter ferido algo nele. Talvez o orgulho ou o ego, no final deu no mesmo. Ainda que inutilmente, procurei contornar a situação constrangedora. Até lhe disse que ele estava com a razão. Que devia ser ignorância minha, pois nunca havia comido pesto. E não sabia que ele era servido frio daquela forma. Mas, o estrago já estava feito, e a mágoa plantada no coração do temperamental “Chef” brasileiro. Ele fez questão de me trazer um outro prato, desta vez um pouco mais aquecido.

Imagino que até hoje ele fale depreciativamente e com rancor de um turista que não tinha paladar requintado o suficiente para apreciar um prato tão bem elaborado por ele. O fato é que eu também, até hoje estou falando do “Chef” brasileiro e sempre o coloco entre aspas. Não, eu não sou ressentido, mas tenho boa memória para certos acontecimentos. Naquela vez em Penedo, eu fui humilde o suficiente para aceitar que o prato poderia estar na temperatura correta. Equívoco passível de perdão para um neófito em pesto como eu era.

Hoje, alguns anos depois, para minha felicidade, e muitos outros deliciosos pratos com pesto degustados, tenho um pouquinho mais de conhecimento, ou imagino ter, e sei que pesto não deve ser aquecido. Mas, também não pode ser servido gelado, como o experimentei pela primeira vez em Penedo. Pensando bem, dois teimosos não podem discordar um do outro. E que bom seria, se tudo na vida fosse da importância de qual a

temperatura apropriada para servir o pesto. Os problemas seriam tão bons quanto suas soluções.

Eu segui a minha vida, sem medo de experimentar novos sabores. E por isso, em vez de desistir do pesto, experimentei outros tantos pratos com esse molho tão saboroso. Sempre em muito boa companhia, e só tenho recordações agradáveis. Como já disse antes, tenho vontade, mas ainda não surgiu uma nova oportunidade para voltar a Penedo. Para os felizardos que tenham oportunidade de visitar Penedo, só não recomendo ir ao restaurante do “Chef” brasileiro, simplesmente porque, por algum motivo, esqueci de seu nome. Mas, os apreciadores da boa cozinha devem encontrar uma ótima massa com pesto, em algum dos excelentes restaurantes de Penedo.

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2 Comments

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Guest
Nov 16
Rated 5 out of 5 stars.

Bela crônica.

Fernanda Duarte

Campo Grande MS

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Guest
Nov 16
Rated 5 out of 5 stars.

Gostei muito.

Sandra Luiza

Campo Grande MS

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