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Crônica - Memórias de Ontem, por Helena Pereira



Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de crônica com a escritora e poeta de Amambai (MS), Helena Pereira, com Memórias de Ontem.


MEMÓRIAS DE ONTEM

Por Helena Pereira


As histórias que o Vô Avelino Amaral contava eram janelas para um passado distante, época em que a vida tinha um ritmo diferente. Onde as chaleiras de chimarrão eram quase uma extensão do corpo e as rodas de conversa se faziam em volta dele. Aqueles momentos, verdadeiros tesouros, porque nas palavras do “Vô Vilino”, as crianças podiam viajar para um mundo que nunca tinham conhecido, mas que fazia parte história de cada uma.

A chaleira com água quente e a cuia do chimarrão com a erva verde, eram testemunhas desses encontros.

A vó Negrinha, a tia Eva e o Tio Adão, o Vô Moisés, faziam parte do cenário domingueiro, enquanto o vô compartilhava as lembranças de "antes". Um antes cheio de desafios, onde a luta pela sobrevivência era constante, e a natureza impunha suas regras.

A roda que juntava amigos e família se formava naturalmente. As pessoas iam chegando, a roda aumentando e a vó corria colocar mais água para esquentar no fogão de lenha.

Todos queriam ouvir as histórias que ele tinha para contar. Histórias de homens que abriram caminho na mata, nas terras desconhecidas com facões afiados. Da viagem dos pais pioneiros que vieram do Rio Grande do Sul e levaram mais de seis meses para chegar no Mato Grosso. As picadas que eles abriram ainda eram lembradas, e as aventuras transmitidas de geração em geração.

Riamos juntos, vivendo aquelas experiências ao lado do Vô Avelino Amaral. As histórias de como ele e seus amigos piolavam bezerros, tarefa que exigia habilidade. As histórias dos tempos de segurar o boi na unha. Expressão que, para muitos, parecia estranha e ao mesmo tempo fascinante. O vô explicava como era feito, como se a força dos homens fosse maior do que a própria natureza.

Vô Avelino Amaral foi e sempre será o nosso herói.

As histórias dele eram mais do que meras narrativas do passado. Eram lições de vida e a conexão com nossas raízes, um testemunho de coragem. Nos ensinava que, assim como aqueles homens do passado, nós somos capazes de superar desafios e abrir nossos próprios caminhos na vida.

A chaleira de água quente, mantinha o chimarrão e as histórias do antes, como um rio de memórias a correr. Cada encontro daquela roda era uma oportunidade de conhecer nossas origens, de apreciar a sabedoria e a coragem daqueles que vieram antes de nós. E, mesmo que meu avô, já não esteja mais aqui para nos contar suas histórias, elas permanecem vivas em nossos corações, como um legado que nunca se apagará.

É nos encontros de família que acontecem o compartilhamento de nossas histórias e não deixar morrer nossa essência.

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